As trevas da internet

Bill Gates, fundador e controlador da Microsoft, pede ajuda aos governos para domar o monstro que ele alimentou, fez crescer e fortaleceu, a internet. Sabe o que diz. Agora precisa ensinar como domar o monstro. E que monstro, esse. Vai dos hackers que roubam senhas e dinheiro de contas bancárias, passa pelos militares chineses que invadem corporações para copiar projetos e segredos industriais, é o paraíso da fake news e sua gêmeas idênticas e univitelinas, calúnia, difamação e injúria.

A internet também supre com energéticos, estimulantes e complementos alimentares a sopa que alimenta e engorda os analfabetos funcionais e os imbecis irremissíveis, incuráveis. Estes últimos não preocupam Bill Gates, cuja Microsoft deve ter desenvolvido filtros específicos para poupá-los deles, uma tecnologia que não nos fornece nas sucessivas atualizações do sistema Windows. Os analfabetos funcionais e os imbecis irremissíveis têm caracteres bem definidos.

Primeiro, analfabetos. Segundo, funcionais. Entendem placas de rua, propaganda do comércio, cédulas de dinheiro. No texto elaborado com raciocínio surge o desastre. Leem até que (1) empacam em frase, partícula, substantivo ou adjetivo; então param de ler e caem na histeria da contrariedade, sem conferir se mais adiante o autor não pensa igual a eles; (2) um fato explode-lhes no cérebro para para contrapor ao fato exposto – sem conferir um e outro e se têm relação.

Não têm senso do ridículo, são espessos e impérvios. Sob o anonimato no site que o acolhe, diz um deles que sou o esquerdista que nunca criticou os “governos do passado” (sic). Sem querer elogia: pertenço ao judiciário.  Ser esquerdista passa, é ponto de vista: quem discorda da direita é de esquerda e vice-versa. Não falar dos governos do passado, atribuo à idade mental do anônimo, três meses, nasceu no governo Bolsonaro. Ser do judiciário, quem dera! O auxílio-moradia resolveria minha vida.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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