Bolsonaro é só mais um fanfarrão que vai passar

O presidente da República, o senhor Jair Bolsonaro, é só mais um fanfarrão. Como acabamos de publicar, ao discorrer sobre como evitar a difusão de fake news, uma especialidade sua, ele afirmou o seguinte, no canal de Instagram do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, conhecido carinhosamente como Dudu Bananinha:

“O certo é tirar de circulação, não vou fazer isso porque eu sou um democrata, Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, Antagonista…  que são fábricas de fake news. Agora, deixa o povo se libertar. Logicamente que, se alguém extrapolar em alguma coisa, tem a Justiça para recorrer.”

Jair Bolsonaro é um fanfarrão porque acha que pode “tirar de circulação” veículos de imprensa, e afirma que só não o faz porque é “um democrata”. Não pode. A liberdade de imprensa é garantia constitucional, não é favor de “um democrata” como Bolsonaro. Quem tira jornal Bolsonaro é só mais um fanfarrão que vai passarde circulação é o leitor, quando deixa de comprá-lo. O que Bolsonaro pode fazer, portanto, é estimular os seus partidários a deixar de comprar jornais que mostram as mazelas do seu governo ou criticam a sua psicopatia  — e passar a consumir, no lugar de notícias, o lixo produzido pelos veículos chapa branca que recebem dinheiro governamental. Há quem caia no engodo em curso diariamente.

Bolsonaro também pode intimidar anunciantes para asfixiar a imprensa, prática da qual já é useiro e vezeiro, em lição aprendida com aquele outro às da democracia, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. E pressionar emissoras do interior, mais suscetíveis às chantagens do poder, a não transmitir mais a programação de quem lhe é crítico. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a Rádio Educadora, de Uberlândia, que transmitia os programas Papo Antagonista, Reunião de Pauta e Boletim A+. Os diretores da emissora afirmaram ter recebido “ordens de cima” para tirar os programas do ar.

Acertando ou errando, a imprensa de verdade não vive de favores de “um democrata” como Jair Bolsonaro. Vive do trabalho de apurar informações e publicar notícias de interesse público. Ao longo do caminho por vezes pedregoso, a imprensa costuma sofrer perdas pela ação de governantes pouco afeitos à verdade dos fatos, mas sempre sobrevive a quem lhe tenta assassinar. Não há sociedade livre sem imprensa livre, mas as sociedades livres sempre podem dispensar Lulas e Bolsonaros, como mostra a história. Eles só são essenciais nos seus delírios de grandeza.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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