Casamento de Lula deveria ser na laje da tia com cerveja latão, dizem haters

Mesmo assim, críticos do ex-presidente como Leo Dias e Diogo Mainardi o acusariam de explorar idosas e ostentar a bebida

Em 1989, no último debate antes das eleições à Presidência, Fernando Collor de Mello acusou o também candidato Luiz Inácio Lula da Silva de ter um “três em um”. Para o herdeiro de uma das famílias mais ricas de Alagoas, não era permitido a um “ex-operário” ter um aparelho que consistia em um rádio com toca fitas e toca-discos.

Collor ganhou as eleições, assumiu a Presidência e, de “caçador de marajás”, como se dizia, se mostrou ser o próprio marajá que passeava de jet-ski e confiscou a poupança dos brasileiros. Mesmo após três décadas, não é permitido que Lula, por ser ex-operário nordestino, desfrute de confortos básicos.

Para seu casamento com Rosângela da Silva, a Janja, o ex-presidente reservou um espaço para poucos convidados. Mas alugou um bufê de festa na cabeça dos críticos, haters e “fiscais de pobreza”.

Para eles, Lula é elitista por não se casar como um “homem do povo”. Como se uma pessoa do povo não pudesse comemorar seu casamento.

“Ostentação!” e “cardápio cinco estrelas”, com “massas e comida árabe”. Segundo o colunista Leo Dias, Lula esbanja ao servir macarrão e esfirra para seus convidados. Deveria se casar na laje da tia com cerveja latão. Mesmo assim, seria acusado de explorar idosas e ostentar latão.

“O vinho branco será o freixenet sauvignon. O preço médio dele é R$ 90”, diz a Isto É Dinheiro. Com uma rápida pesquisa foi possível encontrar o vinho por R$ 49. Três chopes que o repórter toma depois do expediente dão mais do que isso.

“Casamento de Lula e Janja será em casa de festas de luxo em São Paulo”, diz o Antagonista. Diogo Mainardi deve ter se casado na rua, na chuva ou numa casinha de sapé para se espantar com um local com capacidade para 200 pessoas. Ou talvez não tenha amigos, o que não é impossível.

“Vestido caro de noiva de Lula será um presente”, diz o Jornal Pleno. Bom, se o vestido foi o presente, não foi caro. Talvez o jornal não esteja tão “Pleno” assim e precise descarregar essa raiva.

Para esses críticos, ostentação só se faz de jet-ski em “lanchaciata”, enquanto o preço da gasolina bate os R$ 10. Tal como seu novo parceiro, o ex-presidente marajá de Alagoas. Festa em bufê de luxo com bebida cara só se não for de gente do povo. Como a que Leo Dias destacou emocionado com a manchete: “Cadela Beretta brilha em casamento de Eduardo Bolsonaro”.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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