O filho de Jair Bolsonaro atravessando nas relações externas

Quem afinal representa o deputado Eduardo Bolsonaro na sua viagem aos Estados Unidos. Talvez o papai eleito presidente? Já se sabe do nepotismo que deu poder político à família Bolsonaro, mas esta viagem vem sendo uma tremenda atravessada em assuntos que não dizem respeito a um deputado

esta absurda decisão. Preparem-se, porque não é fake news. De fato, ele falou que para compensar, o Brasil pode se posicionar contra o Irã. Sempre segundo o inusitado diplomata, este país não é bem visto na região. “A maioria ali é sunita”, informa o estrategista, que obviamente deve saber pouco sobre o comportamento histórico dos sunitas. Mas sigamos com suas ideias. Diante disso, ele disse, como o Irã “quer dominar aquela região”, quem sabe “a gente não consiga um apoio desses países árabes”. Ah, bom, então digo eu: teremos problemas APENAS com o Irã. E estaremos ao lado dos sunitas naquele conflito. Ufa!

Este é o ritmo próprio do governo de Jair Bolsonaro. Preparem-se que vem muito mais por aí. Como é natural em pessoas acostumadas a um universo muito simples e restrito, Bolsonaro nem percebe o ridículo internacional nessa diplomacia carregada de nepotismo, ainda mais seu garoto não sendo lá uma sumidade com pelo menos algo inteligente para falar. O filho do presidente eleito brasileiro foi recebido por Jared Kushner, genro de Trump. Ficou uma situação engraçada, tipo política internacional em família.

Para piorar, o deputado fez questão de posar com um boné escrito “Trump 2020”, numa antecipação besta de uma reeleição que já está claro que não será fácil para o presidente americano. Não faz sentido buscar mais uma encrenca, entrando em uma briga que já está muito feia, entre republicanos democratas. Claro que estou falando do interesse nosso país. Mas o deputado poderia raciocinar que a mudança de governo nos Estados Unidos será exatamente no meio do mandato do pai dele.

Como diz o general Humberto Mourão, “cada dia uma agonia”. Imaginem o que vem por aí, de um presidente que nem tomou posse e permite essas atravessadas. A intromissão de Eduardo Bolsonaro é um desrespeito inclusive ao presidente Michel Temer, que certamente não é essas coisas como político nem como pessoa, mas enfim, hay gobierno. Neste caso, respeito é até uma questão de protocolo. E nesta feia atravessada tem até um componente político, ao desperdiçar o efeito internacional do próprio Bolsonaro já como presidente anunciando a mudança da embaixada. É o problema da afobação, do despreparo e da falta de planejamento. Fico na espera para saber o que Bolsonaro ganha com esses atropelos, sempre lembrando que se o valentão gosta de enfrentar problemas não precisa criar nenhum novo, porque subindo a rampa do Palácio do Planalto ele os terá de sobra.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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