Coisas das eleições – Parte III

1. Ver candidatos à vereador passeando e pedindo voto nas feiras e em locais públicos, sem máscaras, desobedecendo a lei só para estampar seus sorrisos;

2. Ver candidatos à prefeito nas propagandas nunca usarem máscaras como se não estivéssemos em plena pandemia;

3. Saber que a manipulação nas eleições é gigantesca e que o facebook e as redes sociais estão aí para eleger quem paga mais usando os dados dos usuários, sem que eles tenham conhecimento disto, com direcionamentos e outros truques e ferramentas que desconhecemos;

4. Descobrir que em 2016 Trump pagava 1 milhão por dia em impulsionamentos no facebook em plena campanha eleitoral e declarou 5,9 milhões de dólares em anúncios, enquanto Hilary gastou míseros 66 mil dólares;

5. Saber que a empresa Cambridge Analítica manipulou dezenas de campanhas eleitorais no mundo por meio de dados das redes sociais e das fake news, e que isto foi determinante para o Brexit (processo da saída do Reino Unido da União Europeia), mas no final ficou tudo por isto mesmo;

6. Ter pleno conhecimento de que o WhatsApp foi determinante para as campanhas presidenciais na América Latina e que meses antes das eleições eles já sabiam por meio de cenários futuros, quem seriam os eleitos;

7. Acompanhar transmissões ao vivo de candidatos e ter a certeza que eles não têm ideia do que realmente faz um vereador ou um prefeito;

8. Ver que boa parte de candidatos à reeleição, tanto prefeitos quanto vereadores veteranos, repetirem seus discursos eleitorais, eleição após eleição;

9. Sempre desconfiar das pesquisas eleitorais que volta e meia são impugnadas na justiça eleitoral e que são determinantes para o voto de enxame ou de rebanho, quando os eleitores se deixam influenciar diretamente por elas, o que é inadmissível numa democracia realmente paritária;

10. Desconfiar que grande parte do eleitorado votará pelas pesquisas eleitorais, no candidato à prefeito melhor colocado, para não ter que comparecer na votação do segundo turno;

11. Ter consciência de que, na prática, quem realmente manda são os grandes grupos econômicos, os bancos e as corporações internacionais, que estão destruindo as florestas, sem serem punidos por tudo isto;

12. Ter absoluta certeza de que o povo não manda nada ou quase nada e que as promessas de campanhas pouco se realizam, mas que mesmo assim nos iludimos coletivamente a cada eleição;

13. Saber que boa parte do mundo ocidental está passando por uma onda totalitária de extrema direita e que por isto as democracias e os direitos sociais estão sendo desidratados.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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