Com Bolsonaro na fila do visto americano, Lula fala de golpismo com Biden

Num encontro reservado com Joe Biden à margem da Cúpula das Américas, em junho do ano passado, Bolsonaro retratou Lula como um perigo para os interesses americanos. Pediu ajuda a Biden para bater a carteira da vontade popular nas eleições brasileiras de 2022. Decorridos oito meses, Lula inclui na conversa que terá com Biden na sexta-feira uma troca de ideias sobre o Capitólio —o original americano e sua cópia brasiliense.

Lula considera essencial discutir com Biden formas de combater a extrema-direita no mundo. Tem a pretensão de firmar um acordo internacional que leve à regulação global das redes sociais contra a difusão de fake news. Ironicamente, Bolsonaro se encontra nos Estados Unidos. Com o título de chefe de Estado vencido, pediu a concessão de um visto de turista. Enquanto aguarda, o capitão propaga mentiras para plateias amigas cada vez menores, em palestras organizadas por simpatizantes do seu ídolo Donald Trump.

A pedido de Lula, incluiu-se também na pauta do encontro bilateral a guerra entre Rússia e Ucrânia. Lula encasquetou com a ideia de assumir algum protagonismo na construção de uma saída para a paz. Menciona a hipótese de constituição do que chama de “novo G20”, para buscar uma solução negociada. Tratou do assunto com o líder alemão Olaf Scholz, na semana passada. Planeja abordar o assunto também com o presidente chinês Xi Jinping na vista que fará à China no mês que vem.

A presença dos ministros Fernando Haddad (Economia) e Marina Silva (Meio ambiente) na comitiva de Lula sinaliza que a megalomania diplomática não o fez esquecer o pragmatismo. Biden menciona desde a campanha em que prevaleceu sobre Trump a ideia de organizar um fundo ambiental. Coisa de US$ 20 bilhões. Serviria, segundo suas palavras, “para o Brasil não queimar mais a Amazônia.”

Bolsonaro enxergou na ideia uma “lamentável” ameaça à soberania nacional. Rosnou para Biden na época: “Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Lula deveria convidar o anfitrião da Casa Branca a converter seu blábláblá ambiental em cifras.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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