Como xampu de caspa

Tenho engulhos ao ver meu precioso imposto usado para pagar a propaganda da assembleia legislativa: “você sabe o que faz um deputado?” Dinheiro jogado fora, todos sabemos o que faz um deputado: dinheiro, propaganda, parentesco, programa de rádio e televisão. O importante para o eleitor, mais ainda para o contribuinte que paga, é aquilo que o deputado não faz. Isso a propaganda não conta, de propósito. Os publicitários são gênios da psicologia, coaches, influencers do consumidor. Espertos, contam o que se faz à luz do dia e escondem o que acontece no “breu das tocas” – como a fabricação de salsichas.

Os publicitários transformam os deputados em xampu de caspa: todos sabem que não cura, mas a propaganda quase convence que resolve. Deputado bom tem que ser como os da Escandinávia, que vão para o serviço de bicicleta. *Àqueles a quem causam engulho estas linhas, ouso lembrar que nossos deputados enfiaram artigos na constituição de 1989, escondidinhos, no calar da madrugada, coisa boa para outros, não para nós (se me encherem o saco conto a quem e por quê). Sim, eram outros deputados, outra assembleia, a dos diários secretos. Bem diferente; não usava agência de publicidade, tinha o Bibinho para isso.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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