A violência contra as mulheres

No Paraná, em 2021 foram 190.400 casos que envolveram violência contra as mulheres. No mesmo ano, a violência doméstica atingiu 65.560 casos, e a violência sexual atingiu 8.424 pessoas (SESP/PR). De 2018 para 2019 houve um aumento de 40,8% na violência doméstica e sexual em nosso estado, e no Brasil o mesmo item foi de 35,5%.

Essas estatísticas são subestimadas e não representam a realidade, pois cerca de 55% a 95% das sobreviventes não divulgam a agressão ou buscam serviços de auxílio. A violência doméstica e familiar contra a mulher é considerada como qualquer ação ou omissão baseada no gênero feminino que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

A verdade: os números de casos estão aumentando, e as leis e as instituições não funcionam. O processo penal para as vítimas é outra dor e sofrimento, o tempo que leva para resolver, as medidas protetivas que não funcionam e todo um teatro que oprime e assassina milhares de mulheres todos os anos.

Essa herança histórica vem do escravagismo, a cultura do estupro das escravas e a coisificação dos seres humanos: mulheres, escravas, idosas, especiais, pobres e tudo mais que a elite do atraso brasileira sempre cultivou: a exclusão.

Alterar essa cultura da violência, começa pelas artes, pela educação e pelas leis. A indústria musical, que torna as mulheres objeto, deve ser questionada, a educação fundamental deve discutir esse tema e as leis devem se inspirar em países que enfrentaram esse tema de forma radical, aumentando as penas e radicalizando as medidas cautelares.

Personagens políticos que zombam e ironizam a condição das mulheres, e por omissão se calam à cultura do estupro, devem ser responsabilizados. A cultura do machismo no Brasil fere e mata milhares de mães todos os anos.

A apologia ao alcoolismo pelas músicas sertanejas, financiadas pela Ambev, também coisifica as mulheres e lhes inferioriza a condição humana. Isso tudo deve ser questionado se quisermos alterar essa dramática realidade.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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