O mundo da enganação

No Brasil onde MacPicanha não tem picanha, o leite condensado tem composto lácteo (amido, soro de leite ou água) ao invés de leite puro, a manteiga é misturada com margarina e o óleo de oliva vem misturado com óleo de soja.

Ontem a cantora Gretchen comemorou seus bem vividos 63 anos, ela que já engatou dezoito casamentos – e quem sabe pretenda entrar para o livro dos recordes.

Neste mesmo final de semana  um maluco entrou de peruca e cadeira de rodas no Museu do Louvre, França, e atirou uma torta no quadro da Monalisa, felizmente protegido por um vidro blindado.

Em Sergipe, na escalada de violência policial militar, numa câmara de gás improvisada, dentro da viatura policial, foi assassinado Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, um crime que chocou o mundo e que no Brasil entrará para as estatísticas.

O que o Direito tem a ver com tudo isso?

A resposta é muito simples: direitos humanos de fachada; leis de defesa do consumidor ineficientes; impunidade penal para os crimes praticados por agentes do estado e, o principal: um estado de coisas no qual a racionalidade se perdeu.

O leitor poderia perguntar, mas e o casamento da Gretchen e o episódio do Museu do Louvre o que têm a ver com isso?

Simples: as notícias se misturam – e o cotidiano é banalizado.

Milton Santos, nosso grande geógrafo, explica a globalização como fábula. A fábula do consumo.  Acrescentamos: a fantasia das redes sociais.

Noutra ponta, há a vida como realidade, repleta de contradições.

O que precisamos?

A resposta de Milton: de uma estrutura jurídico-social que se preocupe com as pessoas, com a miséria de milhões e se utilize da globalização para o bem da humanidade e não para sua decadência ética e social.

Nesse sentido, a globalização como fábula é uma grande enganação, a mesma dos produtos que encolhem as embalagens.

Do sabão em pó que de 1 Kg passou para 800 gramas, as embalagens de molho de tomate e latas de ervilhas de 150g foram reduzidas para 120g, da caixa de palitos de fósforos que de 240 palitos foi para 200.

Há dois mil anos os romanos resumiram este estado de coisas: República corrupta, muitas leis (corruptissima republica plurimae leges).

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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