O flagelo da fome e o Direito

O mundo passa pelo conflito bélico entre a Ucrânia e a Rússia.  tragédia está anunciada. Semanas depois de iniciada a guerra, a Finlândia e a Suécia resolveram aderir à Otan e implantar ogivas nucleares em seus países. O urso branco (Rússia) não aceitará isso.

O que vem por aí? A União Europeia – UE resolveu convidar a Ucrânia para integrá-la, e isso arrastará à guerra para um patamar global, em breve, teremos 28 países no conflito.

Isso é como briga de bar, começa pequena, mas ninguém sabe como termina. O que é certo: em 2023 a UE não terá cereais, nem da Rússia e nem da Ucrânia.

O corte nas exportações russas cobrará seus efeitos devastadores na combalida economia europeia, pós pandemia. Nesse passo, entra o Brasil como grande fornecedor de grãos para a UE.

Enquanto isso em nosso país, há algo muito mais grave que a guerra europeia: a volta do flagelo da fome, com 33 milhões de pessoas na bacia das almas.

E o direito internacional? Precisamos inaugurar campanhas pelo mundo afora para mandar alimentos para o povo brasileiro. Mas como justificar isso no país que é recordista de exportação de grãos e que possui o maior rebanho bovino do mundo?

Podemos usar aquelas cenas das propagandas dos valorosos médicos sem fronteiras que pedem donativos para a África, outro continente rico, mas assolado por uma secular elite do atraso.

Está inscrito na Constituição brasileira: o direito à vida, mas esse é o último dos temas na fila das discussões das academias jurídicas brasileiras.

É objetivo fundamental da república brasileira erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. E daí?

Nesse passo vale a bacia de Pilatos da indiferença, de uma sociedade em dissolução moral, ética e jurídica. Governantes sem alma, juristas sem compaixão, e uma sociedade indiferente aos menos favorecidos, que se tornaram um país dentro do Brasil.

Renda mínima? Erradicação da pobreza? Solidariedade governamental em favor de milhões de pessoas? Silêncio… Enquanto o “agro é pop” e fatura bilhões com a devastação ambiental e as maiores exportações que já se viram na economia brasileira.

No livro os Irmãos Karamazov, há um personagem que diz amar a humanidade, mas detestar as pessoas, individualmente.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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