Coxinhas arrogantes

© Maringas Maciel

NO FACEBOOK a foto de Maringas Maciel: o carrão de luxo estacionado sobre a calçada, em frente a restaurante. O detalhe no vidro traseiro: “Lava Jato, eu aprovo”. Há tempo testo, retesto e detesto – grande parte dos carros com o adesivo “Lava Jato, eu apoio” são conduzidos por ricos arrogantes e infratores do trânsito. A foto não é gratuita, sacada ao acaso. Vale, como se diz, por mil palavras. Os abonados arrogantes militam com furor e espalhafato entre os apoiadores da Lava Jato. Mas não nos deixemos levar e concluir que o apoio à operação e seus resultados seja privilégio e exclusividade dos burgueses, para usar linguagem peteira. São minoria espalhafatosa. Tem muita gente rica, consciente, preocupada com o Brasil, a apoiar a Lava Jato. E acima de tudo discreta.

Também a aprovam os que não acreditam na imaculada conceição do PT, que Lula caminha sobre as águas e multiplica pães e peixes. Ainda aprovam a Lava Jato os que circulam a pé, que não têm carros e, tendo, não desfilam com os adesivos.  Tem gente, muita gente, com carros estourados, jabiracas do século passado, a aprovar a Lava Jato. Dou testemunho de orgulhoso dono de jabiraca e assumido apoiador da operação da PF, MP e Judiciário. O que temos em comum? Não ostentamos o adesivo. Jamais fui tentado o usá-lo; considero o adesivo uma provocação, um acinte expô-lo em veículos que custam mais que uma dúzia de moradias populares. É dar argumento para o adversário, desqualificar a luta.

Esses motoristas e seus carros transformaram-se em estereótipos de quem não legitima a luta contra a corrupção e a fraude institucional. Diria que seu comportamento não é de inimigo da corrupção. Por quê? Porque o comportamento não se expressa apenas no ato de dirigir, infringir regras de trânsito, de civilidade, respeito ao pedestre e aos motoristas cautelosos. Vai além. Tem presença nas faixas ofensivas das manifestações de rua, desde a vulgaridade e a obscenidade ao absurdo cego e imediatista de pedir a volta da ditadura. O que se extrai dessa seleta gama de furibundos é coisa diferente. Tem mais de preconceito contra governos de trabalhadores que se transviaram no poder, renegando sua origem, do que repulsa aos políticos sempre transviados, por eles votados e admirados – os corruptos de sempre. Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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