Carta para o meu avô Dalmo Dallari

Meu querido avô, são poucas as coisas mais importantes na vida do que o nome de uma pessoa. Ter herdado isso de você me traz um orgulho e uma honra imensuráveis. Você foi embora, mas seu legado maravilhoso fica.

Obrigado por todos os almoços de quarta-feira e aos domingos. Obrigado por me ensinar o valor e a importância das tradições. Obrigado por me mostrar a necessidade e a importância de uma família unida. Obrigado por me passar o amor pela cachaça e pelo futebol. Obrigado por me mostrar uma maneira de ver o mundo mais humana e igualitária.

Obrigado por ser você, vô.

Nunca vou esquecer o quanto você valorizava as coisas simples da vida, o seu sorriso, o seu jeito moleque de ser e uma das suas características mais importantes: a de não julgar.

Você foi, sem dúvida nenhuma, uma das pessoas mais importantes na minha vida.

Só quando adolescente é que tive a exata noção da sua importância no Brasil. Da sua coragem quando lutou com outros importantes personagens contra a ditadura militar de 1964. A sua importância quando exerceu a presidência da Comissão de Justiça e Paz. A sua ligação com dom Paulo Evaristo Arns, um dos maiores nomes na luta pela democracia, com quem você teve uma relação muito próxima.

Na faculdade de Direito é difícil algum professor, ao fazer a chamada, não me perguntar: “Você é neto do Dalmo Dallari?”. Foi muito bom estudar lendo o seu livro “Teoria Geral do Estado”. Até hoje, quando encontro ex-alunos seus, sempre ouço um comentário carinhoso a seu respeito.

Meu querido avô, corintiano fanático, obrigado por tudo. Vou sentir saudades dos nossos encontros. Tenho a maior honra de ter o seu nome!

Descanse em paz e obrigado pelo legado deixado. Te amo.

Do seu neto, Dalmo.

*Dalmo Dallari Oliveira Lima é estudante de Direito e neto do jurista Dalmo de Abreu Dallari

Consultor Jurídico

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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