Delator agora diz que José Dirceu sabia

Ze-Dirceu-preso-em-Ibiuna-UNE-1968-Foto-Amancio-Chiodi-1024x897Zé Dirceu preso em Ibiúna|UNE|1968.  © Amancio Chiodi

Um dia após procuradores da Operação Lava Jato ameaçarem anular seu acordo de delação premiada, o lobista Fernando Moura mudou de versão pela segunda vez e voltou a incriminar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Agora, ele confirma que o petista recebia propina de empreiteiras e que sabia que esse dinheiro era proveniente de desvios na Petrobras.

“Eu tenho certeza que ele tinha [conhecimento]”, afirmou, apesar de acrescentar que nunca tratou diretamente doassunto com o ex-ministro.

Na semana passada, Moura prestou depoimento ao juiz Sergio Moro no qual negou que Dirceu tivesse sido o responsável pela indicação de Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobras e sugerido que ele saísse do Brasil durante o mensalão.

O lobista, que é amigo do ex-ministro há 30 anos, ainda insinuou que sua delação pudesse ter sido deturpada por procuradores da operação ou por seus advogados.

Nesta quinta-feira (28), porém, ele afirmou que mentiu em juízo em seu depoimento anterior e que sua delação é “estritamente a verdade”.

“Eu sei que errei com os senhores”, disse o lobista. “”O que eu preciso é de uma segunda chance. Se o juiz Moro puder me ouvir, eu tenho coisas a falar e coisas a acrescentar.”

Moura diz que mentiu porque se sentiu ameaçado no dia anterior ao seu primeiro depoimento à Justiça. Segundo o lobista, ele foi abordado por um estranho em uma rua de Vinhedo (SP), onde vive, que lhe perguntou:
“Como é que estão seus netos no Sul?”.

“Aí eu pensei: ‘Quem vai perguntar dos meus netos vai perguntar do pai primeiro'”, relatou. “Eu tenho dois netos que moram em Venâncio Aires (RS). Fiquei totalmente transtornado.”

MENSALÃO

Moura disse que passou quatro meses no exterior, a conselho de Dirceu, em 2005. Afirmou ainda que recebeu dinheiro, nesse período, a pedido de Renato Duque, para que ficasse calado.

“Eu tive uma reunião com o Milton [Pascowitch] e o Duque. Ficou determinado que eu ganharia um dinheiro por ficar lá fora. Esse dinheiro vinha da Hope [prestadora de serviços da Petrobras]”, relatou.

O lobista também confirmou que a empresa Etesco ganhou um contrato na Petrobras como retribuição de Duque pela indicação ao cargo na estatal, feita por Dirceu.

Após a mudança de depoimento, os advogados de Moura desistiram de sua defesa.

Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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