AO INDULTAR o condenado Daniel Silveira, Jair Bolsonaro cravou o primeiro prego no caixão de nossa cambaleante democracia. Resta saber se as forças armadas compraram pregos e martelos – naquelas licitações em que sobram milhares de ítens desnecessários – para completar o trabalho. Quis imitar Donald Trump, que nas últimas horas de governo indultou Steve Bannon, artífice de truques na campanha e condenado por crimes financeiros. Com a diferença que Bolsonaro quer antecipar hora, sem esperar acontecer, evitando a proclamação de sua derrota na futura eleição.
O plágio já tem script adaptado ao clima bananeiro: a invasão do STF e do TSE pelas hordas bolsonaristas. Como o Brasil não tem um vice-presidente como Mike Pence, direitista, aliado de Donald Trump mas comprometido com a institucionalidade, o vice de Bolsonaro dará apoio ao golpe, a menos que seja para fazê-lo o novo Michel Temer. Até onde se sabe o Brasil não tem militares como os norte-americanos, que, sondados, resistiram em apoiar o golpe preparado por Donald Trump. Os golpes no Brasil são como as novelas da Globo: atores novos em enredos velhos.