Palavras fujonas

Procuro há horas e não encontro a palavra que identifica o texto longo, derramado e cansativo. Mas encontrei a figura de estilo sobre a repetição de palavras para fixar uma ideia. Chama-se anadiplose, parente da adipose, a gordura no corpo humano. Nosso Rui Barbosa, nume tutelar dos juristas, apesar de baixinho e magrinho, sofria de anadiplose. Anadiplose, pois, é a gordura do texto. Para as duas adiposes há tratamento similar: a dieta.

Sei que a palavra fugida irá desabar da memória exato quando não tiver utilidade – inclusive porque logo será esquecida, tipo o gergelim diário cujo nome tive de escrever no pacote do pão. O doutor César Kubiak identificou o problema, mas adiantou que não tem solução: é um dos tais “encantos do envelhecimento”, como ele chama a afasia nominativa. Desencantado, disse ao doutor que para mim encantadoras são as três filhas dele.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Rogério Distéfano - O Insulto Diário e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.