Diário da crise CCCLXXXVII

Hoje ando meio cheio de trabalho. Às 18h participo de um seminário sobre o Brasil promovido por estudantes da Universidade de Oxford e chegarei uma hora atrasado ao jornal das 18H. Espero que ainda haja algo para comentar.

Outro dia publiquei um artigo no Globo falando de anticorpos monoclonais. Uma leitora, se espantou com a ausência do tema na grande imprensa. Pois ontem o New York Times publicou uma longa reportagem sobre as pesquisas da Regeneron, aquela empresa que aplicou o remédio em Trump.

Trata do resultado de pesquisas e mostrar que o remédio ajudou também a evitar que as pessoas, em contato com o vírus, contraissem a doença. Funcionou como uma espécie de vacina. O Globo republica a matéria do New York Times e menciona o coquetel de ancicorpos da Lilly sem dizer, entretanto, que está sendo submetido ao exame da Anvisa.

Só se fala hoje nesse diálogo telefônico entre o Presidente Bolsonaro e o Senador Kajuru. De fato, é muito estranho um presidente combinar com um senador processos de cassação contra ministros do supremo.

Nunca tinha ouvido nada semelhante, mas sinceramente está tudo tão confuso que não sei se terá consequências divulgar uma gravação como essa. Digo consequências na vida política do país. O senador Kajuru está sendo denunciado por Flávio Bolsonaro, mas a esta altura ninguém se interessa tanto por quem divulgou, mas sim pelo conteúdo da gravação.

Na mesma conversa, Bolsonaro fala em dar porradas no senador Randolfe Rodrigues. Aliás ele já ameaçou dar porradas num jornalista. Ele se parece com aquele personagem do antigo Casseta e Planeta, o Massaranduba, que saia por aí dando porradas.

Aliás, por falar nisso, no artigo de hoje reproduzi uma frase da abertura do romance de Mario Vargas Llosa, Conversa na Catedral, quando é que o Peru se fudeu. O querido Caio Blinder reproduziu minha citação no twitter, naturalmente com o Brasil no lugar do Peru. Muita gente não gostou, dizendo que estava baixando o nível. Mas meu inspirador é um um grande romancista. Não se pode confiar mais em ninguém.

Avisei ao Caio que era um velhinho bem comportado, mas esses Prêmios Nobel me desencaminham. Vou lê-los com mais cuidado. Gostaria de escrever um pouco mais, mas o trabalho me espera e ainda tenho podcast ao acordar. Nossos temas serão a CPI e o Orçamento, dois consideráveis nós para serem desatados esta semana.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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