Diário da Crise CCLXXIV

Bolsonaro segue com declarações bizarras sobre a vacina contra coronavírus. Dessa vez, ele criticou a vacina da Pfizer, precisamente a mais usada até agora, e insinuou que um homem pode virar jacaré ou falar fino depois de recebê-la.

Ele sabe que a vacina da Pfizer é um produto da medicina genética e trabalha com a técnica de RNA mensageiro, na verdade um envelope enviado às celulas, com uma capa de gordura.

A medicina genética já tem apresentado importantes resultados este ano e na resenha do New York Times há menção  ao trabalho para devolver a visão ao cego. As possibilidades abertas pela vacina contra coronavírus podem ser importantes também para terapias genéticas contra doenças perigosas, como o câncer.

Muitos estadistas estão dispostos a tomar vacina em público, como Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush. A própria Rainha da Inglaterra está esperando na fila para tomar sua dose.

Ao comentar a fala de Bolsonaro lembrei hoje na tevê que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, se  vacinou numa cerimônia pública. Como o jornal das 10 só volta agora na segunda feira, assumi o compromisso de anunciar em edição extra se o vice-presidente dos EUA virar jacaré nesse fim de semana.

Essa história do Bolsonaro me lembrou um dos mitos populares do Brasil: a mula sem cabeça. Ela costumava aparecer nas noites sem lua. Escrevi alguns ensaios sobre os mitos populares no Brasil e um deles foi sobre a mula sem cabeça.

Interessante é que o mantive na gaveta, apesar de ser um texto que gosto muito. Nele desenvolvo uma hipótese de que a mula sem cabeça foi também um mito destinado a inibir o sexo nas sacristias. As moças que transavam com padres é que se tornavam mulas sem cabeça.

Essa é uma digressão de fim de semana. O medo de homem falar fino está presente em muitas outras pequenas crenças no Brasil. Qualquer dia me ocupo disso. Nesse fim de semana, estou muito feliz e não vou cuidar da cabeça de Bolsonaro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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