Diário da crise CCXLIII

Bolsonaro anunciou que vai dar a lista dos países que compram madeira ilegal do Brasil. Na verdade não são países, mas compradores particulares. De qualquer forma, é importante controlar. Bolsonaro deveria levar em conta que se alguns compradores consomem é porque aqui dentro, ilegalmente, esta madeira está sendo exportada.

Ao invés de denunciar os países, o ideal seria um entendimento de todos para evitar que isso aconteça. A manobra de Bolsonaro é clássica: acusar os outros sem assumir a própria responsabilidade. Se todos estão errados, ninguém tem moral para criticar. É o famoso  argumento dos grandes corruptos: eu sou, mas quem nao é?

Rola na internet uma polêmica em torno de um ataque de Olavo de Carvalho ao General Santos Cruz. O general disse que os bolsonaristas são limitados ao se concentrarem no anticomunismo.

Olavo disse que o general deveria falar também dos comunistas e pediu que seja homem.

Sérgio Moro e o general Paulo Chagas saíram em defesa de Santos Cruz que foi comandante das forças da ONU no Congu e é muito respeitado. O tom também é o da desconfiança da coragem de Olavo de Carvalho, será que ele é assim tão homem?

Olavo colocou a discussão em bases falsas. Parte do pressuposto de que ser homem é sinônimo de coragem. A realidade da vida não me permite pensar assim. Sou testemunha da coragem da mulheres e dos gays no período de cadeia nos anos de chumbo.

Conheço de perto mulheres corajosas e não vou discorrer sobre esse tema. Apenas para lembrar, sem recorrer a exemplos domésticos.

As eleições municipais revelaram uma grande diversidade no Brasil, com a eleição de inúmeras candidatas trans e lgbt. A complexidade do país exige uma nova compreensão do mundo.

Gostei da entrevista do Obama a Pedro Bial e Flávia Barbosa. Ele não aceitou a provocação da frase sobre a pólvora de Bolsonaro, enfatizou a importância que Biden dará às mudanças climáticas e o papel do Brasil na luta planetária para evitar a catástrofe. Existe um grande caminho aberto para a relação entre os dois países. Possivelmente Bolsonaro vai rejeitá-lo. Mas Bolsonaro passa e ainda haverá possibilidade de recuperar o tempo perdido.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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