Diário da Crise LXXXIV

Essa história do Bolsonaro pedir que fotografem hospitais de campanha não me entra na cabeça.Não se trata chamá-lo de louco ou irresponsável, algo que está sendo feito com regularidade.

O problema é que não parece compreender que é o Presidente da República. Ele tem condições de saber o que se passa nos hospitais de campanha, sem colocar a vida de ninguém em risco.

Bastaria para isso acionar o Ministério da Saúde que está sob seu comando. Fiscais do Ministério podem entrar em qualquer dependência de saúde, estadual ou municipal ou mesmo particular.

Das duas uma: Bolsonaro quer agitar, sem preocupações com a vida de seus apoiadores ou desconhece as próprias possibilidades de seu cargo.

Ontem, Bolsonaro Mourão e o Ministro da Defesa lançaram uma nota enigmática. Concordam que as Forças Armadas não podem intervir na disputa entre poderes, mas afirmam que ela não vai tolerar julgamentos políticos para derrubá-lo.

Estranho. As Forças Armadas assistiram a dois impeachments, o de Collor e o de Dilma sem contestá-los. São processos que se passam no âmbito do Congresso e do STF.

Com essa declaração do Ministro da Defesa passamos a conhecer um presidente blindado pelas Forças Armadas, que não aceitam que seja julgado politicamente.

O que é um julgamento político? Collor certamente considerou sua queda um julgamento político, Dilma afirma que sofreu um golpe.

As Forças Armadas não se manifestaram sobre isso. Afirmar um limite para os outros poderes já é, certamente, interferir neles. Mas o Ministro da Defesa sobrevoa de helicóptero manifestações que pedem o fechamento do Congresso e do STF.

Nos Estados Unidos meter-se em política é considerado um erro. Será que os norte-americanos viraram comunistas, ou apenas exercem a democracia de uma forma mais plena que a nossa?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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