Diga não aos vibradores, eles viciam e são porta de entrada para outras drogas

Brinquedos sexuais ajudam o público feminino a abusar de outros perigos sociais, como autonomia e feminismo

O Dia Mundial do Orgasmo foi celebrado na última segunda. Assim como o Dia dos Pais, apenas um pequeno número de pessoas pôde comemorar. Estudos apontam que três em cada dez mulheres com vulva cisgênero atingem o orgasmo durante a prática do sexo.

As poucas sortudas que desfrutam de algum orgasmo ganharam um balde de água fria. Uma reportagem da Folha na data da comemoração diz que o uso constante de vibradores pode limitar a satisfação sexual.

O estímulo proporcionado pelo aparelho, segundo psiquiatras e sexólogos entrevistados, poderia fazer com que a pessoa perca o interesse por outras formas de prazer.

A notícia causou indignação. Muitos acusaram a Folha de censurar o prazer feminino.

Como usuária de vibradores, uso meu lugar de fala —ou de falo, com o perdão do trocadilho —para falar do assunto.

Sim, o vibrador pode limitar o prazer. Afinal, qual mulher vai querer algo que não seja um objeto de orgasmos intensos, rápidos, a qualquer hora?

Quem abriria mão de um brinquedo sexual que mexe em diferentes velocidades, movimentos, não perde a constância, não se cansa, não dorme depois de gozar e não se muda para sua casa para que você faça comida e lave a louça dele?

Pior, o vibrador é capaz de acabar com a magia de termos um parceiro na caça ao tesouro do clitóris que pode demorar horas, até anos. Isso quando há interesse em achá-lo.

Para quem nunca experimentou, explico: é como experimentar uma cerveja puro malte para, depois, voltar a tomar uma Skol latão que, mesmo sendo grande e roliça, só serve para dar dor de cabeça.

Algumas mulheres passam a querer usar seus brinquedos sexuais todos os dias. Pior, várias vezes ao dia. Em breve, elas vão consumir pornografia. Exigir uma categoria só para elas no XVideos. Se masturbar no banho. Até se apropriar da gíria masculina “banheta”. Onde já se viu?

O vibrador pode até ser a porta de entrada para outras drogas, como a autonomia e a luta contra o patriarcado. Imagine só perdemos nossas filhas para o feminismo? Isso seria uma grande tragédia.

O que nos alivia é que finalmente encontraram o real motivo da nossa dificuldade em atingir o orgasmo. Não, não é a pressão estética, a baixa autoestima, as 24 horas de trabalho, os salários mais baixos e a falta de dedicação dos homens. A culpa é do vibrador.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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