Um borrão nos is

QUANDO o STF vai aprender que a autoridade de suas decisões também depende da sobriedade, da discrição e da circunspecção de seus ministros? Os generais rejeitam os juízes não só porque estes se metem a corrigir ordens autoritárias. Também porque os juízes vêm com passado pouco sóbrio, nada discreto, muito exibicionista. Militar respeita rigor, pois vive pela regra (a compra de estimulantes sexuais abalou essa credibilidade). Juízes antigos no Brasil, gente que desapareceu com a nova lei da magistratura, agiam como militares de toga, sóbrios, discretos e circunspectos. Naquela época juízes e militares nasciam pelo chamado da vocação.

Com a LOMAN, uma constituição federal da magistratura, esta e as corporações equiparadas transformam-se em noblesse, como na pré-revolução francesa. A veste igual passa a cobrir um homem diferente, vergado ao peso do privilégio, deformado pela arrogância, ilha inexpugnável no arquipélago de semelhantes – a metáfora da ilha diz sobre os ministros do STF, durante e pós Lava Jato. Se exemplo ajudasse, teríamos seguido o que o Brasil imita na forma e rejeita na substância, a Suprema Corte dos EUA. Se o texto der problema, salva o blog da irrelevância, na esperança do indulto presidencial.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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