A carne, sempre marvada

Hugo Moura e Deborah Secco não mais dividem os lençóis. Ele, diretor de cinema, saiu de casa, deixando só a desconsolada mulher e atriz. Detrás das câmaras da vida assistíamos, Hugo e nós, a alma de Bruna Surfistinha invadir o corpo de Deborah, sua intérprete única e eterna. O normal está em a arte imitar a vida: livro, filme e peça terminados, ator e personagem voltam para suas casas. Também acontece, há registros, de a força da arte levar o personagem a invadir o ator e não mais deixá-lo.

Lembro o personagem de Dustin Hoffman, que morre por acreditar que cujo intérprete levou o personagem para a vida real; ficou tão incômodo que o roteiro acabou por assassinar ator e personagem. É de de 1997, chama-se Wag the dog*, expressão inglesa que lembra o rabo a sacudir o cachorro. Se o rabo de Bruna Surfistinha revirou Deborah é tema para outros, o Insulto só vive de fazer analogia, mas obriga-se a lembrar a cena do “então, tá”, ponto algo na trama. Na vida, Hugo pode fazer vida e arte arranjando-se com Fernanda Torres, a virginal caipira Sacarula, de A marvada carne. Ainda e sempre a carne, ficta e real, mas no caso de Sacarula a carne de boi, carência dos personagens. *No Brasil dos títulos malucos o filme, pasmem, foi anunciado como Estranha coincidência.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Rogério Distéfano - O Insulto Diário e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.