Por que feministas brigam entre si como se estivessem em um ringue?

Duas lutadoras já estavam trocando contatos de WhatsApp

A coluna acompanhou a cerimônia de pesagem oficial do UFC, Ultimate FEMINIST Championship, com os embates mais populares entre as feministas.

É importante ressaltar que a balança era apenas cenográfica e não funcionava, já que o peso das lutadoras é irrelevante. Afinal, nenhuma mulher deve ser avaliada por seu peso, o que incentivaria a busca por um padrão estético idealizado, que nada mais é do que um mecanismo de controle patriarcal e iria de encontro aos valores da organização do evento.

Na categoria peso leve, a promessa de um grande clássico no octógono. De um lado, Roberta “Mãe de Pet” Figueiredo, adepta do movimento childfree, que defende que as mães de pet também devem ser homenageadas no Dia das Mães. Do outro, a multicampeã Tamires “Só Quem É Mãe Sabe” Ferreira, com o recurso imbatível da maternidade compulsória para refutar as investidas da Mãe de Pet.

A cerimônia já começou em clima de alvoroço, dado que a ousada Mãe de Pet quebrou, logo de cara, o regulamento que proíbe as lutadoras de se encostarem. Ela fez um carinho na barriga de Tamires, grávida de oito meses, culminando no momento mais truculento da noite, quando o bebê chutou, fazendo as lutadoras e toda a plateia vibrarem.

Na categoria peso médio, um duelo interessantíssimo entre a invicta Larissinha “Happy End”, ativista pela regulamentação da prostituição, contra Amanda “Não Sou Mercadoria” Martins, conhecida por seus enérgicos ataques ao trabalho sexual, que considera estupro remunerado. A organização precisou intervir e separar as lutadoras, tentando apaziguar a tensão sexual entre as duas, que já estavam trocando contatos de WhatsApp.

Por fim, na categoria peso galo, a expectativa é de uma verdadeira guerra entre a dona do cinturão, Laís “Passa Pano”, que faz um excelente trabalho de chão, relativizando atitudes machistas e defendendo que os homens também são vítimas do patriarcado. Ela enfrenta a temida Joyce “Macho Morto Não Estupra”, que luta pela tolerância zero com assediadores. Em uma declaração polêmica, Joyce garantiu que o cinturão de Passa Pano logo estará com ela, já que as duas são amigas e vivem emprestando suas roupas uma para a outra. E ainda prometeu devolvê-lo lavadinho, com todo o cuidado.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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