E o jovem “alemão” fez noventinha…

Já lhes falei dele, acho que neste mesmo espaço, algum tempo atrás. Pois hoje tenho um bom motivo para voltar a falar. José Kalkbrenner Filho, o grande Kalk, acaba de completar 90 anos bem vividos. E está mais vivo do que nunca.

Como lhes disse então, há personagens que não poderão ser jamais esquecidos. Seja pelo talento que possuem, seja pelo trabalho prestado durante a vida, seja pela importância conquistada na história do Paraná e do Brasil. O fotógrafo curitibano José Kalkbrenner Filho é um deles. E com uma vantagem especial: ele reúne as três hipóteses citadas. Além de ser um ótimo sujeito, bom caráter, bom amigo e ótimo papo.

Pode-se afirmar que o “alemão” José Kalkbrenner Filho nasceu para a fotografia. Aliás, não seria exagero dizer, como disse o repórter fotográfico Nani Goes, que a história da fotografia paranaense e a vida do bom Kalk se confundem.

Foi nos idos de 1946, aos 14 anos de idade, que ele arrumou um emprego como “office-boy” na loja do fotógrafo amador Carlos Boutin, e ali iniciou a sua caminhada. Aprendeu a revelar filmes, mexer nas pesadas máquinas Speed Graphic e fazer os seus primeiros cliques. Já com um toque profissional.

De lá para cá, acompanhou de perto toda a evolução da arte fotográfica. Viu inovações se tornarem obsoletas, o nascimento de novas tecnologias e as possantes Rolleiflex serem substituídas por minúsculas câmeras digitais. Foi-se o tempo em que ele era saía de casa na sua lambreta com os bolsos cheios de lâmpadas de tungstênio, mais conhecidas como “ovos de pata”, e pesadas câmaras penduradas no pescoço para ir cobrir eventos sociais. Apenas uma coisa não mudou. Ou melhor, só cresceu: o talento, a criatividade e a versatilidade do fotógrafo José Kalkbrenner Filho. Mas ele concorda que, se hoje as coisas são mais fáceis e a profissão perdeu muito do velho glamour, o que mais tem são tiradores de fotografia. Fotógrafos, porém, são bem poucos.

Em 1952, Kalk já estava na “Gazeta do Povo” e no “Paraná Esportivo”, como repórter fotográfico. Dois anos depois, foi para o Instituto Brasileiro do Café fazer fotografia documental. Até ser chamado para ser o editor de imagens do jornal “O Estado do Paraná”. Liderou, então, um movimento para estabelecer regras éticas para o fotojornalismo e, por um tempo, fotos sensacionalistas sumiram dos jornais. Depois, Kalkbrenner foi para o “Diário do Paraná” e para a TV Paraná, Canal 6, dos Diários e Emissoras Associadas.

Fotografou também para a revista TV-Programas, de Luiz Renato Ribas. São dele (e de Valdir Silva) as fotos da edição especial que juntos fizemos em comemoração à eleição da paranaense Ângela Vasconcellos como Miss Brasil, em julho de 1964. A edição foi lançada “na raça”, 24 horas depois da eleição, com uma bela foto colhida por Kalk na capa.

A essa altura, ele já realizara o seu grande sonho: a fundação, em 1962, da Fototécnica, empresa especializada em fotografia publicitária. E avançou em nova e vitoriosa carreira.

“Naquele tempo” – conta ele – “ninguém tinha muita experiência no ramo. A fotografia publicitária era uma novidade. E nós fomos aprendendo fazendo”.

De todo modo, Kalkbrenner garante que a sua maior escola foi o jornalismo. Sustenta que “se hoje tem outra visão do mundo foi por ter tido contato com as várias classes sociais”.

Outra grande paixão do “velho” Kalk é a magrela “bike”. Ciclista inveterado, desde a meninice, já foi campeão brasileiro e vice-campeão sul-americano. Sobre as duas rodas, rejuvenesce. Cuida do corpo e da alma e alegra o coração. Hoje, já nem tanto. Não pela idade, que nunca atrapalhou, mas pelo risco de transitar pelas ruas de uma cidade com muito pouco respeito pelos ciclistas, a despeito da criação das ciclovias.

Parabéns pela data, grande Kalk. Que Deus continue lhe dando a jovialidade que você tem e que lhe fará chegar fácil aos cem, com as bênçãos dos amigos que lhe querem bem.

For dem, mein freund!

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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