Eleições e dissimulações

Um sábio certa vez escreveu: “A palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento.” Portanto, nem tudo o que lhe parece é. Vejamos o que dizem (em palavras) alguns notáveis políticos do Paraná a respeito das eleições municipais de 2016 e estaduais de 2018 para esconder o que realmente pensam:Senador Roberto Requião: “Serei candidato a governador em 2018”.

  • Ex-senador Osmar Dias, atual vice-presidente do Banco do Brasil: “Já fui candidato a governador duas vezes e perdi; então, eu acho que o povo quer mesmo é que eu seja senador”.
  • Senador Alvaro Dias (com mandato até 2022): “Me baseio nas pesquisas e elas mostram boas chances para me candidatar a presidente da República, mas não descarto ser candidato a governador. Vai depender das pesquisas”.
  • Governador Beto Richa: “Não tenho essa ansiedade [de ser candidato à Presidência] que outros políticos têm. Cumpro apenas o mandato para qual fui eleito”.
  • Prefeito Gustavo Fruet: “A democracia está muito cara. É insustentável. Se for candidato à reeleição posso até ser prejudicado”.

O que de fato pensam:

  • Requião: quer mesmo é se reeleger senador, disputando sem correr nenhum risco uma das duas vagas. Acha que a candidatura de Richa não ameaça a própria reeleição, mas se no páreo estiver também Osmar Dias, tudo vira uma incógnita.
  • Osmar : acredita que desta vez tem toda a chance de chegar ao Palácio Iguaçu, estimulado pelo desgaste político (talvez irrecuperável) de Richa, cujo grupo se encontra órfão de competidores viáveis. Torce para que o irmão Alvaro Dias decida disputar a Presidência.
  • Alvaro: no fundo, sua prioridade é voltar a ser governador, mas também, secundariamente, acredita na viabilidade da candidatura presidencial (fora do PSDB e possivelmente já filiado ao PV), embalado por sua forte postura oposicionista nacional e pelo descrédito das demais correntes políticas na cena brasileira. Se nada der certo, manterá por mais quatro anos a cadeira no Senado.
  • Richa: se em algum dia já lhe subiu à cabeça a mosca azul de ser presidente, ela (a mosca) já voou para longe. Sua intenção real é se eleger senador, bafejado pela sorte de haver duas cadeiras em disputa. Uma delas, não tem dúvida, é sua.
  • Fruet: as palavras dançam em sua boca de modo a não se declarar aberta e definitivamente candidato à reeleição. Mas até as Vias Calmas sabem que a ideia de renovar o mandato não lhe sai cabeça, apesar de as pesquisas ainda não lhe proporcionarem segurança de vitória, mas se anima com a fragilidade dos adversários que se apresentaram até agora.

Política, além de poder ser definida como a arte de governar, tem muito a ver também com a arte de dissimular, isto é de ocultar ou disfarçar, sob palavras, os verdadeiros sentimentos.

celso-nascimento

Celso Nascimento – Gazeta do Povo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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