Elétron – Final

Lembro-me das palavras do ancião Gamaliel que disse que E=mc². Próton parecia não recordar deste ensino contudo Elétron continuou explicando que a energia é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado. Próton respirou como se tivesse levantado de um sono muito profundo e exclamou: Ah!!!! Agora entendi porque o mestre Big Bang falou que para nos tornarmos a sua imagem, semelhança e nos aproximarmos da velocidade de sua luz, nosso tamanho deveria diminuir e a nossa massa aumentar. Nós perdemos o alvo!

Eu já vinha alertando que não estava surtindo efeito na cidade toda aquela pintura. Eles pintaram todos os móveis, imóveis, automóveis e até mesmo a natureza para parecer que tudo ficava mais claro, todavia a essência desses não foi mudada e agora muitos objetos estão indo para a reunião e acreditam que são luzeiros também. Outro dia ouvi falar que alguns lustres, paflons e arandelas, estavam indo nas reuniões vestidos de camisa verde fluorescente e tinham certeza de que também eram luzeiros e também sinto que muitos amigos estão perdendo a sua intensidade. Outro dia um dos maiores líderes que havia atraído muitos seguidores e se autonominava como um dos maiores faróis, foi se olhar no espelho e automaticamente se apagou assim como um abajur de puxar a cordinha se apaga, mas logo que viu a si mesmo assim vazio e sem luz, ele foi a sua antiga gaveta e se encheu de pó fosforescente para que todas as vezes que subisse no palco, as luzes o resplandecessem e ele continuasse na liderança.

Nas reuniões todos o fitavam sem nem sequer piscar os olhos e isto fazia com que ele guardasse o fulgor do seu brilho até a próxima reunião. Próton e Elétron decidiram por frequentar a reuniões no estádio e em suas casas. Neste tempo eles perceberam cada vez mais que a medida que liam e reliam a história de Big Bang, partiam o pão e cantavam em suas casas, a intensidade da sua luz aumentava e muitos outros seguiram o seu exemplo de modo que nenhum luzeiro era mais conhecido que o outro, eles tinham tudo em comum.

Depois que os luzeiros entenderam o seu chamado, o vilarejo passou a mostrar as suas cores que por sinal eram belíssimas e muitos outros vilarejos circunvizinhos passaram a querer saber o que aconteceu de modo que muitos outros aumentavam a esperança da vinda da Estrela da manhã, a inspiração de todos, a verdadeira promessa de Big Bang que será a Luz que ilumina toda a cidade e sem ela nada do que se ilumina se iluminou.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Felipe Simôes e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.