Em Paquetá, sem Fidel

Decidiu que iria passar o resto da vida em Paquetá. Este destino começou a tomar forma quando leu a famosa frase de Nelson Rodrigues sobre os guerrilheiros malucos dos anos 60 que queriam acabar com a ditadura militar e implantar um regime parecido com o de Fidel Castro no Brasil: “Mas Cuba é do tamanho de Paquetá!”, disse o gênio, para dimensionar a sandice no país-continente. Mas também havia Luz del Fuego ali nas imediações e o fato de carros serem praticamente proibidos naquele pedaço de terra e pedra nas águas do mar do Rio de Janeiro. Atravessou dois estados, chegou à estação das barcas, entrou numa delas, desceu na ilha e viu que entre o sonho e a realidade um oceano os separava. Encontrou todos as pessoas com os olhos colados nos respectivos celulares, passando e recebendo mensagens. Veio um charreteiro oferecer o passeio para turistas. Aceitou, mas logo resolveu voltar quando foi deixado numa praia de águas poluídas e lhe sugeriram uma navegada no pedalinho em forma de cisne cor de rosa. “Pô! Se pelo menos fosse um boto!”, ele pensou enquanto retornava para o continente e admirava a ponte Rio-Niterói. (Cabeça de Pedra)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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