Em três dias, fotógrafo de Lula trabalhou mais que Bolsonaro em quatro anos

Ricardo Stuckert desenvolveu resistência física de maratonista, mira de franco-atirador e enquadramento de Glauber Rocha

Inclusão, diversidade cultural, beijo de língua, ausência de rugas de Lu Alckmin. A posse de Lula marcou por inúmeros motivos. Mas um dos elementos que chamaram a atenção das redes sociais foi a disposição e onipresença do fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert.

Se uma imagem vale por mil palavras, Stukinha, para os íntimos, clicou, em um único dia, um dicionário completo. Acompanhou o presidente a cada passo, do café da manhã à volta ao hotel, à noite, sem perder seu alvo de foco por um segundo.

No desfile de posse, o fotógrafo ficou ao lado do Rolls Royce, correndo, com uma câmera na mão e outra no pescoço. Enquanto fotografava, pilotava um drone que captava imagens aéreas. Isso usando terno e gravata, sapatos sociais e cabelo estilo Chanel ao vento. No calor brasiliense de 40 graus e -4% de umidade relativa do ar.

No dia seguinte, foi para Santos para fotografar o adeus de Lula ao rei Pelé. Em três dias, Stuckert trabalhou mais que Bolsonaro em quatro anos.

Para ter os melhores cliques, o fotógrafo desenvolveu a resistência física de um maratonista queniano, a mira de um franco-atirador e o enquadramento de Glauber Rocha. O preparo foi tanto que academias paulistas já estariam oferecendo o treino “CrosStuckert”, que consiste em correr quilômetros carregando pesos, sem perder o senso artístico.

Poucos sabem que a disposição é de décadas. Stuckert começou a fotografar Lula em 2003. Desde então, acompanha o presidente de manhã, tarde, noite, madrugada, dias úteis e feriados. Quando Lula foi preso, se mudou para Curitiba para acompanhar os meses de cárcere, sobrevivendo ao pior inverno do mundo, depois do ar-condicionado carioca.

Há boatos de que ele cometeu um crime na cidade, só para ser preso junto com o ex-presidente e captar suas melhores imagens. Só foi expulso da cela porque estaria atrapalhando as visitas íntimas de Janja. No meio tempo, foi fotógrafo oficial da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, indicado ao Oscar, ganhou o Prêmio Esso e morou com povos originários para realizar uma mostra.

O resultado de tanto trabalho são imagens icônicas, como a da passagem de faixa de representantes da sociedade a Lula.

Para quem passou quatro anos vendo fotos de presidente babando farofa tiradas pelo celular engordurado de Carluxo, as imagens de Stuckert foram um colírio para nossos olhos.

Há boatos de que ele cometeu um crime na cidade, só para ser preso junto com o ex-presidente e captar suas melhores imagens. Só foi expulso da cela porque estaria atrapalhando as visitas íntimas de Janja. No meio tempo, foi fotógrafo oficial da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, indicado ao Oscar, ganhou o Prêmio Esso e morou com povos originários para realizar uma mostra.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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