Escândalo com joias faz Exército trocar nome de Sucatão para Sacolão

Após escândalo com joias, militares planejam golpe civil

A Polícia Federal divulgou elementos das buscas em endereços do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Barbosa Cid.

Entre o material foi encontrada uma foto usada para negociar a venda de esculturas recebidas pelo governo com um agravante: a imagem revelava o reflexo do general.

Cometer erros crassos é um talento conhecido entre os bolsonaristas, que acessam a rede de wifi da Câmara dos Deputados durante a invasão da Casa e tentam acessar emails desativados 99 vezes. Mas poucos esperavam que tamanha incompetência viria da alta patente do Exército.

Ganhar o posto de general não é uma tarefa fácil e leva-se em média 30 anos. Entre pintar meios-fios e ser puxa-saco de oficiais, os candidatos também estudam e cursam universidade.

Fica o questionamento do que o general Cid estudou nesse período. Leis da física, como reflexão de luz, não foi.

O oficial já havia tentado vender as joias no início de 2023. Não conseguiu, porque as joias seriam folheadas a ouro. Além de militar incompetente, Cid pai é um péssimo traficante de joias.

A falta de aptidão para o contrabando não é exclusividade da família Cid. Durante o governo Bolsonaro, joias e esculturas foram transportadas do Brasil aos Estados Unidos por aviões da FAB, passadas de coronel a almirante. É como o jogo “passa anel”, mas, no lugar de crianças, são oficiais de alta patente passando joias e esculturas milionárias. No final, ninguém assume quem ficou com o quê.

Se não fosse desmascarado, o Exército poderia mudar seu quartel-general para a rua 25 de Março. O avião da FAB, antes chamado de Sucatão, seria apelidado de Sacolão. Militares decretariam o “Golpe Civil”, pelo direito de contrabandear como qualquer cidadão comum, sem manchar a imagem da instituição.

Oficiais alegam que são poucos integrantes que foram corrompidos pelo presidente. Difícil acreditar que homens de alta patente tenham sido corrompidos por um capitão expulso. Se foram, é mais uma prova da total incompetência do Exército.

Tanto que muitos brasileiros começaram a temer pela segurança nacional. Com esses militares, qualquer um poderia invadir o país. O Paraguai poderia realizar sua vingança. A Bolívia poderia desistir do acesso ao Pacífico. Chegar ao oceano Atlântico é mais fácil. O que entristece é que, mesmo assim, ninguém quis.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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