Escrever com a luz

Opremiado iluminador paranaense Beto Bruel:
“busca pela perfeiçãosó é possívelcom muito trabalho 
e muito amor pela luz” Foto de Marcelo Elias
Profissionaispremiados discutem a iluminação como elemento essencial da narrativa teatral eencontro reúne nomes importantes para discutir tecnologia teatral. Manhãs iluminadas— Um espaço para troca de idéias. Associação Brasileira de Iluminação Cênica(ABrIC) promove, em parceria com a Caixa Cultural e o Festival de Curitiba, ociclo de palestras Manhãs Iluminadas, que começa amanhã e segue até o dia 7,das 9h30 às 12 horas, no Teatro da Caixa. 
É a opinião daatriz, diretora e iluminadora Nadja Naira. Para ela, a luz de uma peça épreponderante para a interpretação do texto por parte do público. “O que oespectador vai ver da peça está condicionada à iluminação. Assim como a câmeratrabalha no filme, a luz também conduz o olhar do espectador: destaca umobjeto, uma cena, um personagem, sempre de acordo com a proposta do diretor”,explica.
E assim como ascâmeras de cinema, os aparatos de iluminação talvez sejam os que mais evoluíramtecnologicamente no teatro. A variedade de recursos é enorme e a cada ano novosequipamentos chegam ao mercado. Por isso, Nadja conta que existem duasvertentes na iluminação de teatro. Uma é o espetáculo das luzes, um show àparte; outra, a sua e de seus mestres na área, é o trabalho sutil de luzes esombras que servem como apoio.
“É preciso tercuidado, saber usar e não ficar preso à luz nem se ver obrigado a usar todos osrecursos. É preciso trabalhar junto com a trupe, não dá pra sair na frente. Nofim, a luz é mais uma ferramenta que eu uso para dizer o que eu quero”, dizNadja.
Existem diversoscaminhos possíveis para a formação de um bom profissional de iluminação, mas aformação técnica da categoria é essencial. É a opinião do premiado iluminadorBeto Bruel. Ele, que já conquistou três prêmios Shell de Teatro na categoriapelos espetáculos Não Sobre o Amor, Avenida Dropsie e A Memória da Água, todosdirigidos por Felipe Hirsch, acredita que o Brasil carece de mais cursos parailuminador, montador e operador de iluminação.
“O teatro cresceumuito nos últimos anos, e hoje o Brasil passa por uma escassez de técnicos bempreparados. Eles precisam se manter atualizados com as novidades no mercado, ecomeçar por baixo, carregando fios. Só depois, com a prática, os técnicospassam a operar a mesa, a subir escada”. A empresa de Bruel, a Tamanduá Som eIluminação, é responsável pela luz de 32 espetáculos desta edição do Festivalde Teatro, e os técnicos da empresa, segundo ele, levam em torno de três anospara se formarem iluminadores profissionais.
Já para Jorginhode Carvalho, considerado o pai da iluminação de teatro no Brasil, a principalforma de aprendizado é a prática. Professor do curso de cenografia naUniversidade do Rio de Janeiro (Unirio) há 25 anos e jurado por dois anos doprêmio Shell de Teatro, Carvalho é autodidata em sua área. “Ainda acho que aescola mais forte do mundo é acompanhar o mestre, seguir seus passos. É a formamais antiga de aprender e nunca vai morrer”, acredita.
Ele é responsávelpela iluminação do espetáculo Tathyana (confira o serviço completo doespetáculo), de Deborah Colker, e acredita que, na dança, a luz éindispensável. “Quando você anda numa rua sem luz, você sente medo, se senteinseguro, e essas sensações são transponíveis para o teatro. Aumentando a luzvocê realça uma cena, diminuindo você causa mistério, por exemplo. No caso dadança, a iluminação sublinha a música, como se fosse sua linguagem de sinais”,explica.
Por último, NadjaNaira acrescenta mais um elemento importante para o bom iluminador: a formaçãoartística. “Muito iluminador fica preocupado só com a técnica. A prática tambémé fundamental, mas eu acho que falta uma coisa muito importante, que é umconhecimento histórico, uma formação mais artística, que tenha uma relação maisdireta com cenário, figurino e texto”, comenta.
Todos os três,porém, ressaltam que, antes de tudo, é preciso paixão. “Como em qualquerprofissão, você tem que gostar do que você faz. Tem que gostar de iluminação,ter o dom, e a dedicação também é fundamental. Como o teatro é ao vivo, vocêtem uma hora para não errar. Essa busca pela perfeição só é possível com muitotrabalho e muito amor pela luz”, conclui Bruel.
A entrada éfranca e os ingressos devem ser adquiridos na bilheteria do Teatro da Caixa (R.Conselheiro Laurindo, 280). Mais informações, pelo telefone (41) 2118-5111. Gazeta do Povo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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