Está faltando gente na cadeia

Mais de uma centena de cidades baianas foram atingidas pela recente enxurrada que assolou a região. Mais de 22 mortos já foram contabilizados; 350 são, até agora, os feridos e mais de 60 mil pessoas encontram-se desabrigadas, desalojadas e carentes de comida, água, roupas e tudo mais. Há problemas semelhantes no Piauí, no Maranhão, em Goiás e em Minas Gerais.

Em férias no litoral catarinense, o vadio Jair Messias Bolsonaro, manifestou-se a respeito: “Só espero não ter que voltar antes do previsto”… Primeiro, presidente da República não tem férias. Esteja onde estiver, continua presidente e no exercício do cargo – a menos que o transfira para o vice. Segundo, como ele é comprovadamente incapaz, incompetente e desequilibrado mental, não precisa voltar. A sua presença não fará a menor diferença, a não ser para complicar ainda mais a situação.

Indagado sobre como ajudaria os que perderam casa e negócios, o presidente limitou-se a dizer que medidas contra a Covid-19 também causaram catástrofe no ano passado.

Está faltando gente na cadeia.

O Ministério da Defesa do mesmo governo, por sua vez, valeu-se de recursos destinados ao enfrentamento da Covid-19 para a compra de filé mignon e picanha para a milicada. Cerca de R$ 535 mil.

Está faltando gente na cadeia.

O ministro (!) Queiroga, da Saúde, contrariando órgãos do próprio governo, incluindo a Anvisa, diz que só pensará em vacinar menores de 05 a 11 anos depois que todos os adultos tiverem sido vacinados. E dependendo de prescrição médica.

Está faltando gente na cadeia.

Sem nenhum planejamento prévio adequado, o menino que imagina estar governando o Paraná, suspendeu a cobrança de pedágio, sem oferecer opção de atendimento e socorro aos motoristas e veículos. Tem sido um inferno transitar nas rodovias paranaenses.

Está faltando gente na cadeia.

O Congresso promulgou a PEC dos Precatórios, também chamada PEC do Calote, para dar fôlego ao governo para o pagamento do Auxílio Brasil até o fim de 2022. Às custas do adiamento do pagamento de dívidas do governo, de modo impiedoso e inconstitucional, JMB avança de olho na reeleição.

Está faltando gente na cadeia.

O mesmo Congresso derrubou o veto presidencial (tudo combinado) ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões em 2022. Com isso, o financiamento público de campanha será o maior da história. Aliás, o Brasil é o líder desse tipo de gasto entre 25 nações.

Está faltando alguém na cadeia.

Como se tudo já não bastasse, o Ministério do Trabalho e Previdência propõe a apropriação da multa equivalente a 40% do FGTS para o trabalhador demitido sem junta causa. O seguro desemprego seria extinto.

Está faltando alguém na cadeia.

Em escalada inédita desde 2002 para frear a inflação que avança a olhos vistos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central promoveu a sétima alta seguida da taxa básica de juros, de 1,5 ponto para 9,25% ao ano. É o maior patamar desde junho de 2017. Novo aumento, de 10,75% já está sendo anunciado para fevereiro.

Está faltando gente na cadeia.

Mesmo assim, nos últimos doze meses, os preços ao consumidor saltaram 10,7%, segundo informação do IBGE. Isso significa que o índice do governo Bolsonaro superou a alta de preços registrada na gestão Dilma Rousseff, que acabou impichada.

Está faltando gente na cadeia.

Investigações sobre o presidente e sua família foram arquivadas ou empacaram. São suspeitas, com repercussão pública, como a de favorecimento à empresa do filho 04 e da compra de uma mansão pelo filho 01. Acrescente-se a isso a investigação de “rachadinha” contra o mesmo 01 e do uso do cartão corporativo presidencial. E os ataques ao sistema eleitoral e pela disseminação de falsas informações sobre vacinas, perpetuados pelo próprio presidente.

Está faltando gente na cadeia.

Ao conceder aumento de salário, de modo leviano e inconstitucional, apenas a duas categorias de funcionários – os policiais federais e os policiais rodoviários federais –, o desastrado Messias criou enorme confusão entre os servidores públicos. Só na Receita Federal, pelo menos 324 de 2.938 auditores com cargos comissionados deixaram os postos. E o número tende a aumentar, estendendo-se para outras carreiras de elite, como no Ipea, Banco Central e peritos médicos e auditores agropecuários. Paralizações e greves anunciadas.

É, está faltando gente na cadeia.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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