Estadista de araque

Lula calou a boca dos petistas que pretendiam criticar a ditadura militar neste 31, ou mesmo no primeiro de abril. Para ele os 60 anos do golpe e as cicatrizes da ditadura, ainda abertas, tratam-se de uma “bolha”. Como o presidente consegue ser claro e explicativo apenas com metáforas, quando ele fala de bolha trata-se pura e simplesmente de mais uma, literal em todos os sentidos: a tal “bolha” nada mais significa que algo como a que cresce pelo poder do ar soprado na mistura de agua com sabão. Em outras palavras, Lula quer evitar a todo custo que sua delicada gratidao e a paz aparente que conquistou quando os militares nao apostaram em Bolsonaro significa um estado definitivo e inabalavel na historia do Brasil. Ele quer dois anos de mandato remanescentes e mais quatro como reeleito vivendo no deslumbramento da lua de mel com Janja – mais as bitocas cafonas que nela pespega em reunioes do ministerio.

Depois, como um Luis XIV que tirou o melhor da vida, o Brasil e o mundo que naufragem no diluvio, que ele tirou a forra da Lava Jato e da prisao. Lula acha que ao silenciar sobre a ditadura, pinta-se como estadista, o homem-sintese de seu tempo e de seu povo. Acredite e compre quem quiser esse Lula, homem do pequeno varejo que finge que opera no atacado. Alguem disse com propriedade que entre estadista e politico existe a distincao fundamental: um trabalha para o futuro, a proxima geracao, o outro trabalha para si mesmo manipulando o eleitor que vai elege-lo depois de amanha. Lula ainda funciona como dono do PT, o “cara” que enfia o tarugo que tapa a boca do partido. A coisa esta mudando. O tarugo nao fechou a boca de Dilma, que acaba de dizer que lembrar o golpe e a ditadura militar sao atitudes civilizatorias. Pode-se dizer tudo de Dilma, nunca que foi enganadora ou mentirosa. E de Lula, quem aventura a dizer o mesmo? S’o as Gleise.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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