Ex-morador da Casa Branca

Um equívoco que aparece em análises sobre o ainda, mas por poucos dias, presidente Donald Trump, é quanto ao seu papel como líder político depois que desocupar a Casa Branca. É uma grande perda de tempo está linha de análise, pois seu papel como liderança será praticamente nenhum.

Quando estiver fora do governo, Trump continuará mandando em suas empresas, onde deve ser um chefe intratável, porém, sendo dono do capital, ele tem o direito de determinar como quiser o rumo do que está sob seu comando.

E neste caso, trabalha para ele quem quer. O interessado que se previna, garantindo um bom adicional de insalubridade.

Para um exemplo do dia seguinte de Trump depois de sair do governo pela porta dos fundos pode-se usar o telefonema que ele deu ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, para pressionar pela reversão da sua derrota eleitoral para o democrata Joe Biden.

Ora, é muito simples. Do ponto de vista político, seus próximos telefonemas não serão da Casa Branca, de modo que provavelmente ele terá dificuldade até de ser atendido.

Será também deste ponto de vista não tão privilegiado que se dará sua relação com o Partido Republicano, nesta mudança determinante de posição, com ele despachando suas grosserias bem longe da Casa Branca.

Mesmo para o atiçamento de bandos de arruaceiros a influência da liderança de Trump não será a mesma, pois existe uma grande diferença entre um presidente provocando extremistas para que quebrem tudo e toquem fogo em seu próprio país e um empresário arrogante tentando a mesma coisa.

A bem da verdade, cabe dizer que Donald Trump não será nem mesmo ex-presidente dos Estados Unidos. Não dentro da relação institucional de ex-presidentes americanos, em que existe respeito mútuo, até com a participação conjunta em eventos públicos.

Quem é que vai querer se encontrar com Trump quando ele for ex-morador da Casa Branca? Acho que nem os Hells Angels. Não se prestará tanta atenção às bobagens dessa figura, não mais com o peso de uma declaração do presidente dos Estados Unidos, ainda que ele seja um imbecil. O Twitter de Trump será só isso mesmo: o Twitter de Trump.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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