Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski – Rodrigo Garcia Lopes

Publicada em 2018 pela Biblioteca Pública do Paraná, a coleção Roteiro Literário trazia, a cada título, um ensaio sobre um escritor paranaense já falecido. Contemplados os nomes de Jamil Snege e de Helena Kolody foi a vez de Roteiro Literário — Paulo Leminski, de autoria do escritor e jornalista Rodrigo Garcia Lopes. O livro, que foi um dos três vencedores do Prêmio da Biblioteca Nacional em 2019 na categoria Ensaio Literário, estava esgotado há dois anos. Agora ela sai pela Kotter com um novo título, Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski, em edição revisada e ampliada. Neste livro temos não só a apresentação da vida meteórica do curitibano Paulo Leminski, mas a oportunidade de um mergulho na vigorosa obra do criador múltiplo que, há algumas décadas, é referência maior para escritores, artistas e leitores brasileiros.

O ensaio se divide em três partes. A primeira, “Um clássico contemporâneo”, nos conta como Leminski viveu e reproduziu a agoridade absoluta do mundo atual, como seus textos pensantes amalgamaram influências até atingir uma essência própria na tradição dos inventores da linguagem. Também as estações da vida-obra do poeta aparecem num registro desde a primavera da infância, o verão na onda da Tropicália, o outono, momento da “desova”, até o inverno, do Leminski “parnasiano chique”, já fragilizado pela doença que o levaria em 1989. “Habitante da linguagem”, a segunda parte, traz uma análise da poética leminskiana, marcada pelo rigor & delírio da escrita.  E a última, “Besta dos pinheirais”, investiga como Leminski, num embate de forças como a “mística imigrante do trabalho” e a “autofagia araucariense”, absorveu a cidade de Curitiba em sua obra, e como Curitiba foi absorvendo a obra do seu poeta maior.

Complementa a publicação a “Biogeografia Literária” que, com fotos e breves textos, nos leva a seguir as pegadas de Leminski por Curitiba, da maternidade em que nasceu, às casas em que morou, até os principais lugares que costumava frequentar. Por fim, a entrevista que Leminski concedeu a Rodrigo em 1983, quando o conheceu. Ao nos aproximar de alguém que, num grau máximo, defendeu a ligação da poesia e da vida, Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski nos oferece uma profunda experiência de leitura e reflexão. Ao final do ensaio, o autor, Rodrigo Garcia Lopes, nos lembrará que nunca mais vai haver outro Paulo Leminski. Outro não. Mas o nosso polaco loco paca, único e pulsante como seu texto, ora é reavivado, belamente, e nos chega às mãos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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