Gil e a echarpe de mamãe

Gilberto Gil divulga na rede que as mulheres referidas no disco Sandra – ali presente – ele as conheceu nos shows que realizou no trecho Curitiba-Florianópolis. Um fato conhecido dos contemporâneos locais, que assistiam seus shows e remoíam ódio ao ver o cantor, acompanhado de Caetano Veloso e beldades locais, estas nossos objetos de desejo. Uma dessas mulheres foi Cíntia (na realidade o nome grafa-se até hoje como Cynthia). O titular do Insulto conhece Cíntia, sua contraparente por afinidade, e foi testemunha ocular da história. Os atributos de Cíntia, o Insulto os confirma, passados quarenta anos dos fatos, ressalvados os “acidentes da Senectus”, no imortal de Augusto dos Anjos.

Burguesinha do Country Clube, dinheiro de três gerações, antes de naufragar no casamento de conveniência, Cíntia integrou-se às montoneras da dupla tropicalista. As montoneras acompanhavam Caetano e Gil a todo lado, incluídos bivaques, as barracas de campanha. A mãe de Cíntia, burguesa viciada em grifes, naquele dia desembarcava de viagem internacional, túrgida de compras, perfumes e cremes a entupir a frasqueira, a maleta de carregá-los. No Afonso Pena cruzam-se Cíntia, a mãe que chegava e Gil, que partia. A mãe desabou na vaidade ao deparar com Gil, cabeludo e riponga, a portar garboso a echarpe que ela um dia comprara na Galerie Lafayette, em Paris.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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