Há vida inteligente nas lives das redes sociais

Vá além dos sertanejos bolsonaristas ou ridiculamente embriagados

Por aqui, nenhuma paciência para pagodeiros ou sertanejos bolsonaristas ou ridiculamente embriagados. Mas tem muita live boa para assistir durante o nosso confinamento. Seja no Instagram, seja no YouTube e até mesmo na televisão.

Das marcantes, por ora, cito Ivete Sangalo de pijamão com a família; Liniker, dona da melhor voz da atualidade; e Lulu Santos, sempre espetacular. Também tenho acompanhado a Monica Salmaso (@monicasalmasooficial) e seus convidados, e toda a programação do Sesc (@sescaovivo).

No “One World: Together at Home”, vi a Lady Gaga (amo sua voz!), e ela estava com aquela sobrancelha fake da “moda” (parece o logo da Nike). Elegi o John Legend como a única pessoa famosa do mundo da música com bom gosto para design de interiores, a casa dele é espetacular (e sua apresentação foi a mais bonita). Elton John cantando “I’m Still Standing” valeu a pena e, quando cada integrante dos Rolling Stones foi entrando (me senti no zoom com eles), eu confesso que chorei.

No Instagram tenho assistido a muita gente que admiro. Bruno Torturra (@torturra) arrasa sempre e agora ele tem uma série de conversas chamada “Tem Alguém em Casa” (a com o Glenn Greenwald foi demais).

Vejo ainda o pastor Henrique Vieira (@pastorhenriquevieira) para ter um pouco de fé, o biólogo Atila Iamarino (@oatila) para entender o que nos espera em termos de fim ou não da humanidade, e o Canal Brasil porque acho a Simone Zuccolotto (@simonezuccolotto –ela faz ótimas lives também) muito deusa e também para me agarrar à esperança de que o cinema sobreviverá.

 O André Trigueiro (@andre_trigueiro), principalmente quando fica nervoso, diz o que está entalado em nossa garganta. O Marcelo Freixo (@marcelofreixo) conversou com o Marcos Nobre (presidente do Cebrap e professor de filosofia da Unicamp) e me encheu de esperança. Marcos acredita que esse um terço de pessoas doentes que ainda apoiam o presidente deve diminuir. Se ainda existir uma mínima decência neste mundo, a crise na saúde mais a sanitária mais a econômica tendem a tirar a popularidade do fascista genocida.

Se você ainda não conhece o ativista e jornalista periférico Raull Santiago (@raullsantiago), tem que acompanhar pra sair da bolha e entender que na favela do Alemão eles não conseguem sequer lavar as mãos adequadamente (não tem água todo dia!), que dirá fazer quarentena em segurança. E você aí (eu incluída) reclamando de lavar tanta louça, né?

Pra quem gosta de samba, sobretudo da boemia carioca, as lives da cantora e ativista Teresa Cristina (@teresacristinaoficial) –sempre tomando sua cervejinha com charme, beleza e finesse– são a melhor pedida. Ela já homenageou Zeca Pagodinho e Chico Buarque. Não tem patrocinador, mas sobra amor. Eu tenho muita vontade de ser amiga dela.

Me falaram do economista Eduardo Moreira, mas eu não entendo uma pessoa que pretende ganhar ainda mais dinheiro criticando rico. Alguém me explica?

O Fábio Porchat (@fabioporchat) tem feito lives divertidas, a com o Pedro Cardoso foi a melhor. Já a participação do humorista numa live do Ciro Gomes me deu certa angústia, o Ciro não deixou o Fábio falar e depois só divulgou as partes em que ele mesmo fala pracarai.

O UOL me chamou pra fazer uma live cujo tema era “quarentena com crianças”. Tudo gente conhecida, mas, como vou falar mal, não vou colocar os nomes aqui. Eu fiquei praticamente em silêncio, vendo as pessoas se venderem, dizendo como são incríveis e fazem tudo tão bem para seus filhos. Ninguém angustiado, ansioso ou de saco cheio. Só a Maria Ribeiro, como sempre, deu a real.

A Vera Iaconelli tem participado como convidada de dezenas de lives (e com ela todas valem a pena; a da @taglivros com a @djamilaribeiro1 foi bem legal). E a Companhia das Letras (@companhiadasletras) tem feitos lives muito boas, no próximo dia 7 será com o neurocientista Sidarta Ribeiro. No YouTube tenho acompanhado a psicanalista Maria Homem, Marcelo Gleiser e Monica de Bolle.

Ontem a Maíra Azevedo (@tiamaoficial) fez uma live mostrando o seu treino fitness e tornou meu dia mais feliz. Cansei de ver gente sarada e rica me ensinando a meditar.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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