O mundo tem medo do Brasil

Qual a prova é necessária para condenar ou absolver? É provável que alguém seja culpado ou inocente, mas isto depende das provas.

As declarações públicas são provas de intenção ou de vontade, os escritos nas redes sociais, conversas públicas e entrevistas, de viva voz são provas irrefutáveis, ou melhor, provas cabais e robustas.

Tudo depende do contexto, um advogado liga para o outro e pergunta: – Você faz tráfico? O outro responde: – Sim! E logo em seguida: – Então vou te mandar um cliente que veio aqui no escritório.

O mentiroso tem alguns expedientes a seu favor: o silêncio, a invenção de outra história ou simplesmente a negativa do fato.

No Brasil, o jogo do bicho surgiu em 1890, e criou-se a expressão “vale o que está escrito”.

A confiança na banca de apostas sempre foi fundamental, daí o paradoxo, do bicheiro honesto, que também se perpetua na política brasileira. Assim como no jogo do bicho, os escritos, têm um alto valor probatório.

Quem usa aplicativos de comunicação pelo aparelho celular deve pensar dez vezes antes de escrever, afirmar, perguntar, insinuar ou responder algo. Tudo é gravado, monitorado e rastreado. Idêntico fenômeno ocorre nas redes sociais.

Em todos os carnavais é sempre a mesma coisa, os nus arrependidos da quarta-feira de cinzas. Negam tudo, mas fotografias, reportagens e filmagens atestam os umbigos arrependidos da cidade (Nelson Rodrigues).

Ao negar as provas irrefutáveis o autor do fato torna-se culpado e, de quebra, ridículo.

Na política a coisa é semelhante, nos desvios de condutas e de dinheiros, todos negam, ou negociam uma delação premiada. No Brasil a delação é premiadíssima, pouco tempo de prisão e ao final, piscina e mansão para descansar ou uma multa com o próprio dinheiro que foi desviado.

Depois, todos esquecem, e tudo volta ao normal. Foi assim com as concessionárias de pedágios no Paraná, o Rodoanel em São Paulo e tantos outros processos esquecidos.

O que não se pode esquecer é da grave omissão da qual as autoridades estão tratando a pandemia que assola o país, milhares de mortos e infectados, colapso em UTIs e caos nos cemitérios.

Está tudo dito, escrito, documentado e gravado, as provas estão aí para quem quiser ver. O mundo passou a ter medo do Brasil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Claudio Henrique de Castro e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.