IN 20, IA 0

Quando me falam de inteligência artificial no primeiro momento fico orgulhoso, considero-me um gênio; no segundo, da realidade artificial em que ela me envolve, antecipo as prestações do crematório, pois acho que não tenho mais lugar neste mundo. Estou no embate com a IA, que ainda depende da IN, a natural. A IN foram as três mocinhas, Nicole, Felícia e Tháfila, que me atenderam ao telefone e até riram de meus gracejos senis. Mas elas me passaram para a IA, e aí só não quitei a cremação porque iria prejudicar a pensão da viúva. Tinha que entrar no site, que fiz com o whatsapp, no jeito que conheço e com as limitações da falta de paciência.

Até aí funcionou, cheguei a incluir a foto do documento. Acontece que teria que acionar o unicórnio para dar continuidade ao protocolo. Não achei o unicórnio, o único que conheci foi o boneco que Laurinha usava para dormir aqui em casa. Volto ao telefone com as meninas da IN, que me devolvem à IA. Esta não faz o que quero, agendar a consulta. A IA só me pede o que não precisa: de 1 a 5, as notas para a ela e para a IN. Dei 5 para a IN e 1 para a IA – que só não levou 0 porque o diabo do sistema não oferece a opção. Neste momento, duas horas passadas, consegui o resultado. Consegui, uma ova; dona Aurélia conseguiu.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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