Jair Bolsonaro anda uma pilha de nervos

Jair Bolsonaro anda uma pilha de nervos, como se dizia antigamente. Está mais irritável do que de costume, o que é bastante estranho para um governante que, conforme certos analistas, está numa boa, à espera apenas de que surja o adversário que irá com ele para segundo turno no ano que vem.

Nesta segunda-feira em Guaratinguetá, em São Paulo, o presidente foi protagonista de um entrevero com uma jornalista da TV Vanguarda, retransmissora da TV Globo na região.

Bolsonaro estava ali para cumprir uma de suas agendas fora de propósito, se ele fosse um político respeitável, governando com seriedade durante uma pandemia que já registrou 500 mil mortes e não para de matar brasileiros.

Ele ficou muito irritado ao ser questionado pela repórter sobre o uso de máscara. Estava exaltado, extremamente grosseiro em reação a uma pergunta simples, feita de modo educado pela jornalista. Chegou a fazer uma provocação muito tola, tirando a máscara e pedindo que exibissem na televisão. Durante o chilique também virou para trás, incomodado com integrantes da sua equipe, mandando todo mundo “calar a boca”.

A grosseria com a jornalista é ainda mais fora de lugar porque ocorre exatamente nos dias em que a máquina bolsonarista de desinformação foi direcionada a vitimizar a médica Nise Yamaguchi, a doutora Cloroquina, que entrou com um processo contra senadores da CPI da Covid, alegando que foi destratada como mulher.

Ora, a médica que se dê por feliz em não ter sido interrogada pelo seu presidente das reuniões do gabinete paralelo.

Mas voltemos ao contraditório nervosismo de Bolsonaro. No vídeo fica muito claro que ele já chegou de mau humor, antes de tratar mal a profissional da imprensa. É um contrassenso, pelo que sua máquina de propaganda procura aparentar politicamente.

O presidente deveria estar, não digo sereno porque isso não condiz com sua personalidade, mas pelo menos aceitando perguntas incômodas sem dar chilique.

Como se fala no popular, o que rola com Bolsonaro? Bem, um problema sério é com a CPI da Covid, que erradamente ele pensava que seria um passeio, mas o empurra cada vez mais para a responsabilização pelo massacre cruel determinado pela sua política em relação à pandemia, na qual, além de graves equívocos sanitários parece haver também uma trama para ganhar dinheiro por fora.

É o que indicam os trabalhos da CPI que estão à vista do público, que servem para avaliar o que já pode ter sido descoberto em investigações sigilosas, com pesquisa e documentação que servirão para fundamentar o relatório final da comissão.

Bolsonaro tem motivos de sobra para ficar nervoso com questionamentos muito simples da imprensa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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