Janela indiscreta – Um poema sobre Curitiba, em 2020

Em algum lugar perto deste hotel
alguém desafina uma Aquarela Brasileira no saxofone.
Longe, a espinha das serras azuis.
Um avião decola de São José dos Pinhais
rumo a Londres ou Londrina,
cruza o céu cinza da cidade grande.
Velha araucária espremida
entre prédios espelhados.
Na TV, mais uma delação premiada.
Pessoas trabalhando ou nos celulares
em cada uma dessas janelas, abelhas.
Luzes se acendem, luzes se apagam.
A tarde cai fria e depressa.
Triste carne, triste Curitiba.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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