Joe Biden traz um tempo novo com a derrota de Donald Trump e seus conceitos da pós-verdade

A revista Time sintetizou muito bem o significado da vitória de Joe Biden sobre Donald Trump. Com o título “Um tempo para curar”, o presidente eleito dos Estados Unidos aparece na capa desta semana com a vice-presidente Kamala Harris, os dois de máscara sanitária, mas evidentemente a “cura” que esta vitória pode trazer não é apenas no campo da pandemia, ainda que essa tarefa tenha um peso determinante sobre todo o mundo. A derrota de Trump é um basta a um período de mentiras, manipulações e de um comportamento desrespeitoso e cruel, a tal da técnica do pós-verdade, que parecia inaugurar uma era, mas que pode ser abreviada e mais rápido do que parecia ser possível, como ficou demonstrado no país onde estava no poder o embusteiro mais poderoso.

Cabe destacar que o foco agora em Joe Biden vai também ajudar a dirigentes brasileiros sensatos a salvar muitas vidas no Brasil. Com Trump fora da Casa Branca, o presidente Jair Bolsonaro perderá com a queda do ídolo americano o amparo politico para suas irresponsáveis atitudes negacionistas, que até agora vem prejudicando demais o combate à Covid-19. Sem a dobradinha grotesca e criminosa com Trump, será mais difícil para Bolsonaro dar vivas à morte e ao vírus, torcendo contra a vacina e atuando o tempo todo contra medidas essenciais de prevenção.

É muito provável que a segunda onda de contaminações caia sobre o Brasil sem que tenhamos atravessado a primeira onda. Já vem ocorrendo um descuido perigoso em todo o país com regras de prevenção, com o empurrão para o abismo sendo dado todos os dias por Bolsonaro e seus seguidores fanatizados, além dos profissionais da enganação que atuam por dinheiro e likes. Os cretinos fazem campanha até contra o uso de máscara, uma proteção que será necessária durante um bom tempo mesmo que sejam fabricadas vacinas eficazes contra o vírus.

Uma pesquisa feita pela USP e Unesp com uma ferramenta chamada “Info Tracker”, desenvolvida pelas duas universidades públicas, chegou à conclusão de que houve um salto entre agosto e novembro de casos suspeitos de Covid-19 em São Paulo. Hospitais particulares da capital paulista registraram nos últimos dias aumento nas internações de pacientes com a doença. No hospital Sírio Libanês o pico de abril foi alcançado mais uma vez. Segundo especialistas, a movimentação que parece ser de uma segunda onda já ocorrendo em São Paulo é a mesma do início da pandemia no Brasil, em março. A notícia saiu em O Globo.

Podemos ter no Brasil o início de uma segunda onda, antes de haver uma descida da curva. Neste caso, será muito complicado diferenciar a nova onda da primeira, com a doença ainda em números muito altos. Imaginem como será esta explosão. Contágios e mortes ainda estão muito acima do razoável. O último registro de 24 horas estava nesta quinta-feira em 926 mortes. Uma causa importante dessa dificuldade em fazer descer a curva é o trabalho contrário de Jair Bolsonaro, que impediu até agora — com o número de mortes ultrapassando 164 mil — um combate bem coordenado em todo o país, centralizado em ações efetivas do governo federal.

É muito bom ver Joe Biden e Kamala Harris com máscaras sanitárias na capa da Time, do mesmo modo que estiveram durante toda a campanha, enquanto Trump tirava sarro dessa precaução, que Biden fazia questão de expor aos eleitores até mesmo para servir como exemplo, além de dar um indicativo firme de como será conduzido o governo dos Estados Unidos a partir da sua eleição. A derrota de Trump é uma referência firme de que atitudes irresponsáveis e até criminosas em relação à pandemia não são recompensadas politicamente. O aviso do eleitor americano é muito bem-vindo no mundo todo e ainda mais aqui em nosso país, que ainda não conseguiu tirar do poder de forma democrática Jair Bolsonaro, imitador de Trump inclusive como péssimo presidente no controle da pandemia.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em José Pires|Brasil Limpeza e marcada com a tag . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.