Enfim, Collor sabia cuidar da embalagem muito melhor que Bolsonaro, além de ter muito mais habilidade na manipulação do conteúdo. Também por isso, ele não fugia de debates. Ambos eram verde-amarelos, porém Collor não amarelava. De grosserias bem medidas, suas crueldades eram envolvidas nos melhores perfumes. Bolsonaro é um Collor mais raiz. Outra diferença poderá ocorrer também no clientelismo político e coisas piores que podem ser feitas em um governo. Collor contava só com um P. C. Farias, seu homem da mala. Se ganhar a eleição, tudo indica que Bolsonaro terá um monte deles.
No uso da máquina pública em favorecimento próprio, Bolsonaro terá ajuda até em casa. O nepotismo descarado, muito comum em sua carreira, permite prever que o Palácio do Planalto poderá até ganhar uma plaquinha de identificação como “ambiente familiar”. A vítima, é claro, será o Brasil acima de tudo. E com o perdão do trocadilho, que vem muito a calhar pelo uso em vão que é de costume do candidato, tudo será em nome do pai e em nome dos filhos.