Revista Time apresenta Bolsonaro como um pet da extrema direita dos EUA

“O ressurgimento de Jair Bolsonaro na Flórida é um espetáculo bizarro, mesmo para um estado com uma longa história de refúgio para personagens excêntricos.”

Reportagem da centenária revista Time, uma das mais importantes dos Estados Unidos, trouxe o autoexílio do ex-presidente em Orlando. Em resumo: ele aparece como uma figura patética, que se tornou destino de peregrinações de ultraconservadores brasileiros e é tratado como um pet pela extrema direita trumpista.

“Um mês atrás, ele estava liderando o quinto maior país do mundo. Agora, está vagando pelos supermercados da Flórida, comendo frango frito sozinho e sendo adulado por apoiadores no portão de uma casa modesta, de propriedade de um campeão de luta livre, em um condomínio fechado ao sul de Orlando”, afirma a Time.

Entre as oferendas calóricas oferecidas pelos brasileiros que vão visitá-lo, a revista destaca “cestas de pães, morangos, flores e Nutella”. Os peregrinos, contudo, não buscam a iluminação, mas selfies.

Não à toa, Jair escolheu a Flórida como abrigo, Estado que reúne um bom naco da rica extrema direita brasileira, latino-americana e estadunidense. E enquanto foge da Justiça brasileira por medo de ser preso pelo seu papel no planejamento de um golpe de Estado, o ex-presidente vem sendo adulado em meio a um ambiente trumpista. A revista destaca, inclusive, as conexões entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e os ultraconservadores norte-americanos, como Steve Bannon.

E insere a declaração de Jimmy Levy, um ex-concorrente do American Idol, popular entre o público trumpista por participar de comícios antivacina, em um evento realizado para Bolsonaro na Flórida: “Só quero dizer muito obrigado por tudo, na América somos muito gratos por você”, disse. “Todo mundo que é patriota na América está com os patriotas no Brasil.”

Por fim, a reportagem mostra que o cruzamento entre o bolsonarismo e o trumpismo gera uma crise não apenas ética, mas também estética.

“Em um evento organizado em sua homenagem por um grupo conservador de expatriados brasileiros, Bolsonaro sentou-se sob os holofotes em um pequeno palco em um shopping center em Orlando, empoleirado em uma poltrona roxa ao lado de um pufe felpudo e uma única flor. Vídeos postados por pessoas em uma pequena multidão de fãs, em sua maioria brasileiros-americanos, que pagaram até US$ 50 para ver Bolsonaro, o mostram envolto na bandeira brasileira, cercado por pessoas rezando por ele e sendo tocado por músicos”, afirma a revista.

Essa imagem tosca e, portanto, mais inofensiva do que Jair realmente é, pode lhe ser útil considerando que há um grupo de deputados e senadores democratas defendendo que Joe Biden o deporte de volta ao Brasil sem esperar o resultado do pedido de visto de turista que ele solicitou.

Afirmam que ele tem usado o território norte-americano para incitar seus seguidores a atos antidemocráticos no Brasil, como a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF em 8 de janeiro.

Bolsonaro está, neste momento, há 37 dias sem foro privilegiado. Por isso é um “espetáculo bizarro” que ainda não exista um pedido de prisão preventiva em seu nome por aqui.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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