Levando fumo

“Caipira Picando Fumo”, 1893. Almeida Jr.,
pintor considerado o precursor da abordagem
regionalista nas artes plásticas.

quando eu morrer não quero choro nem oração
quero pacotes de holliwood
pra levar muito fumo no caixão

serrei até estourar a caixa toráxica
o escarro e o pigarro eram a tática
pro meu pulmão não se esparramar pelo chão
cigarro de xepas do cinzeiro eu fi-lo
traguei paióva, bituca e matarrato a quilo
equivalo a um quarteirão de nicotina e alcatrão
já enrolei tabaco pra mais de metro
se enfizema fizesse rei, eu tinha coroa e cetro
recordista filão, quebro a marca do milhão
há tosse e sinais defumantes em meu corpinho
alvéolos, brônquios, pleuras, não passam de toucinho
baforo no caixão, resoluto, meu último charuto

Antonio Thadeu Wojciechowski
e Rodrigo Barros

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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