Língua de Trapo

Lingua

Nois dois vivia intocado e clandestino
Nosso destino era fundo de quintar
Desconfiavam que nois era comunista
Ou terrorista, de manchete de jornar
Nois aluguemo casa na periferia
No mesmo dia, se mudemo para lá
Levando uma big de uma metralhadora
Que a genitora se benzia ao oiá.
 
Nois pranejemo de primeiro um assarto
Com mãos ao arto, todo mundo pro banheiro
Nois ria de pensar na cara do gerente
Oiando a gente, conferindo o dinheiro.
Mas o tal banco acabô saindo ileso
E fumo preso, jurando ser inocente
Nois não sabia que furtar de madrugada
Era mancada pois não tem expediente.
 
Despois de um ano apertado numa cela
O sentinela veio e anunciou:
“O delegado pergunto se ocês topa
Ir prás oropa, a troco de um embaixador”
Na mesma hora arrumemo passaporte
Pois com a sorte não se brinca duas vez
E os passaporte que demos no aeroporto,
Era de um morto e de um lord finlandês.
 
E quando veio aquela tar de anistia
Nem mais um dia fiquemo no exterior
E hoje já fazendo parte da história
Vendendo memória, hoje nois é escritor.

Língua de Trapo, um grupo musical paulista de humor, em diversos ritmos musicais.

Surgido em 1979,  Ditadura Militar, no interior da Faculdade de Comunicação Social Casper Libero, fizeram bastante sucesso, principalmente entre o público jovem e universitário, por seu conteúdo de crítica política e social e postura de esquerda festiva.

Sua formação inicial contava com Laert Sarrumor, Guca Domenico, Luiz Domingues (na época também conhecido como : Luiz “Tigueis”), e Pituco. E chamavam-se de “Laert e seus Cúmplices”. Logo juntou-se ao trio Carlos Castelo (que assinava as músicas como Carlos Melo) e Lizoel Costa, colegas de faculdade do trio.

Em 1980, começava oficialmente o grupo Língua de Trapo, com o lançamento de sua primeira fita demo, denominada “Sutil como um Cassetete”, que era vendida nos corredores da faculdade e nos shows, principalmente no circuito universitário e em festivais de MPB. Nessa altura, outros músicos também estavam incorporados , como o percussionista Fernando Marconi e o tecladista, Celso Mojola. O lançamento de tal fita, lançou também o nome da banda no circuito.

Em 1981, já acrescido dos novos integrantes Luiz Lucas no contrabaixo, João Lucas nos teclados e Sergio Gama e Silva na guitarra, e com Ademir Urbina assumindo a bateria, estes gravam seu primeiro e antológico LP, pelo Selo Lira Paulistana.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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