O bode morreu, viva o bode

Lula defende a democracia relativa. Ele sabe onde isso existiu: no governo Bolsonaro. Aquela democracia era relativa; só não se tornou ditadura pela resistência da opinião pública, imprensa e judiciário. Se Jair Bolsonaro quebrasse, como tentou, essa democracia relativa, onde estaria Lula hoje? Na melhor hipótese estaria preso, na pior, morto por algum fanático bolsonarista (não foram poucos deles que sugeriram o assassinato do atual presidente). Lula não pensa nisso quando defende a Venezuela? Claro que pensa. Então por que defende? Simples, ele está seguro na sua democracia absoluta. Defende a Venezuela para ganhar pontos com sua esquerda, a que acha normal a democracia relativa – no país dos outros.

Porque sob um Bolsonaro reeleito, Lula e PT estariam sob vigilância de um Deltan Dallagnol e sob a vara de um Sérgio Moro. Avançando um pouco, só um pouco, só fanáticos compram Lula pelo valor de face. Assim como os fanáticos do outro lado compram Bolsonaro pelo valor de face. Como se explica isso? Simples: 50% dos brasileiros, a outra metade, ficaram tão assustados com Bolsonaro que passaram a ver Lula e o PT como os santos que estes nunca foram e nunca serão. Para usar a imagem da fábula, o bode saiu da sala e suas marradas, coices, estragos e imundície são esquecidos. Em pouco sentiremos o bode substituto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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