Manike, mantike e as rosas murchas do desejo

Acertei os ponteiros do meu relógio digital. Platão dizia que o comportamento humano deflui de três fontes principais: desejo, emoção e conhecimento. Na verdade, nosso explosivo reservatório de energia está situado ao sul de quem entra.

Crepita o fogo assediando os gravetos secos da emoção. Línguas rubras causam a ressonância orgânica e ficamos nas mãos do acaso ou do garimpo. Você pode não saber no que está pensando, mas está pensando em sexo. Quem quer saber de Platão? Importante mesmo é que perdemos a Copa 2010. Mas não vou entrar nesse campo minado onde a bola é um pobre ser que perdeu o rumo do gol, da casa, da vida. Sei que adormeci por uns dias. Ou será que foi por uma semana inteira? Platão já havia colocado o adormecer como fonte de inspiração. Nas garras do sonho nos libertamos. Fiquei inerte, sonhei uma enciclopédia. Verbetes e mais verbetes espocando no escuro do quarto. Em grego, gênio é mantike e louco é manike. Estamos sempre por um tê. Diria um Tesão. O sonho acorda nossos demônios criadores.

Quem não sonha, não vive. Nada pode contra uma mente que não esteja disposta. O campo de força da nossa mente é terrivelmente poderoso. Refratário ou absorvente, eis a questão. Estou estupidificado com a quantidade de textos que chegam, via e-mail, com mensagens de otimismo. E tudo é repassado. Nada pessoal. Todo mundo diz que aqui você tem um amigo, alguém que pensa em você. E estão todos longe, pensando besteiras. É sintomático: quando nos agarramos nisso é porque estamos muito distantes disso. Entrelabutas, conflitos e sofrimentos não encontramos uma ponte sólida para amigos distantes. Por mantike!

“Mas quando o pulso de um homem é saudável e comedido, ele vai dormir frio e racional, (…) depois de saciar seus apetites sem exageros para mais ou para menos…” Por manike, ser joguete de visões fantasiosas e licenciosas!

Rui Werneck de Capistrano vende sonhos de nata, creme, doce de leite, chocolate… goiaba… é o sonho, freguesia…

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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