Thiago Schutz é só um incel que veste ternos cor-de-rosa

Feminismo é tão perigoso que gerou cursos para homens não deixarem de ser homens

O feminismo é um movimento social tão perigoso que foram criados cursos para que os homens não deixem de ser homens. Já tem mais coaching para macho oprimido “entender o mundo real” do que blogueira de moda. A esta altura você já deve ter ouvido falar em Thiago Schutz, que se vende como especialista em relacionamento e ameaçou a humorista Livia La Gatto pela sátira sobre suas noções de masculinidade.

O cara treme com uma piada, por que aguentaria uma mulher que ganha mais do que ele? Sim, a apostila do misógino sensível traz dicas para evitar a hecatombe que é a igualdade de gênero, o que, segundo suas teorias, é um sistema que “favorece as mulheres”. Deixe a sua risada aqui.

Para ele, “uma mulher de valor se adapta ao estilo do homem”; “homem foda não namora uma mulher que vai para balada sozinha”; “um dos problemas da infelicidade feminina é que a mulher não quer servir”; “o propósito do homem é maior que o da mulher na vida”.

Schutz é um desses profetas do machismo indignado como muitos outros por aí. Já vimos coach defender que mulher não deveria votar porque é mais influenciável. Em comum, todos pregam um comportamento “bela, recatada e do lar” dessa mulher que não pode ser a bem-sucedida do casal, mas tem de agregar valor e não pode exigir nada. Bingo.

Ao mesmo tempo em que prega a submissão feminina, Schutz propaga a ideia de que são todas interesseiras, só querem os ricos e, portanto, eles têm que se proteger. É curioso que o coaching de homem donzelo ataca o comportamento do tipo de mulher que serve de alicerce às estruturas que as mantêm dependentes emocional e financeiramente.

Apesar do discurso cheio de verniz, Schutz é só um incel que veste ternos cor-de-rosa, engrossa o coro da misoginia e não se dá conta de que o que ele vende ao macho oprimido pelo feminismo é uma das maiores conquistas do movimento, a mulher que pagas as próprias contas.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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