Maringas Maciel e a língua saburrosa

Essa história de gente ser fotografada mostrando a língua. Maringas Maciel, nosso fotógrafo da vida urbana urbano, tem a foto da mocinha linda com língua de fora. A língua de fora é cediça, em todos os lugares, a toda hora. Uma de minhas netas, logo a mais séria, faz o tempo todo para esconder a timidez e espantar o fotógrafo. Neymar Júnior é o grande adepto da língua de fora – e do polegar e o mínimo abertos com os demais dedos contraídos, hoje marcas registradas de seus equivalentes no futebol e da mocinha linda de Maringas. O craque não passa de celebridade infantil, moleque e irresponsável, hoje no ocaso dos campos, otário e falso sedutor de alpinistas sociais. Nele em tudo está presente o exibicionismo imbecil dos famosos podres de ricos que alimentam o imaginário do vulgo anônimo. 

O primeiro registro conhecido de foto com língua de fora vem de Albert Einstein, Prêmio Nobel de Física, da Teoria da Relatividade. Einstein só o fez uma vez, por irritação, não pelo exibicionismo imbecil das celebridades ocas. O registro foi explorado à infinitude por Andy Warhol, como nas imagens de Marylin Monroe e da lata de Sopa Campbell. A foto de Einstein vem de 1951 no aniversário de 72 anos, homenageado no Instituto de Altos Estudos de Princeton. Irritado com a perseguição dos fotógrafos, mostrou-lhes a língua. A irritação do gênio, que usou o cérebro para descortinar um mistério da vida, hoje é o gesto infantil do moleque desavisado que usa a língua para auto homenagear-se pela limitação do cérebro. O doutor Ernesto Zanetti, patrono de meu sorriso, concorda: “Isso só se faz diante do espelho; e para limpar a língua saburrosa”.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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