A vítima errada

Ganhei Lincoln unknown, biografia do presidente-mártir dos EUA, escrita por Dale Carnegie, o cara dos cursos e do livro sobre como fazer amigos e influenciar pessoas. Tudo que Carnegie publicava virava best seller, talvez porque tenha começado a vida como campeão de vendas de todo o qualquer produto que lhe caísse às mãos. Livro bem escrito, curtinho, sem pretensões, presente de agradecer de joelhos. Folheei e desisti. Não por empatia a Abraham Lincoln nem instigado pela série Manhunt, que corre no streaming sobre o caçada a John Wilkes Booth, o ator que matou o presidente pelas costas quando este estava no Teatro Ford, Washington.

Desisti do livro ao conhecer em detalhes o sofrimento de Lincoln com sua mulher, Mary Todd, a louca varrida que o maltratava em público e privado, a ponto de na lua de mel, no refeitório do hotel, jogar uma caneca de café fervendo na cara do marido. Também desisti da série, mais uma coisa sem graça de biografia filmada, agora com atores inadequados – honrosa exceção a Tobias Menzies como ministro do governo. (Menzies fez o príncipe Phillip no segumento intermediário da franquia The Crown). Até hoje não me conformo com a escolha do alvo por Booth: tinha que matar a primeira dama, palpiteira, metida e linguaruda, daquelas mulheres de político obcecadas com a própria ressignificação.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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